Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

A nomenklatura e a democracia

Do mesmo modo como desconfiava dos que entendiam a democracia dispensável, sempre sobre pretexto da salvaguarda do interesse "do povo", desconfio sempre das exacerbadas defesas do "interesse do Sporting", sobretudo se precedidas e/ou acompanhadas de alguma arrogância.

Em duas palavras, dos candidatos que se perfilam ou perfilaram, e sem olhar a projectos, Soares Franco seria a escolha menos má: Dias Ferreira tem têmpera excessiva, Guilherme Lemos é (mais um) que se tornou conhecido após a candidatura e Ernesto Ferreira da Silva, não obstante a importância de se chamar como se chama, é de um cinzentismo assinalável.

Contudo, não me esqueci, nem ninguém com dois dedos de testa se poderá ter esquecido, das declarações de Soares Franco, então numa política de "best friends" com Dias da Cunha, a afirmar que o Sporting não era dos sócios mas de quem detinha capital. Não renegando as minhas convicções pessoais, nem com isso afirmando qualquer ingenuidade pessoal, não me vejo como cliente do Sporting, como dono de uma parte deste mercê das minhas miseráveis acções na SAD, mas como sócio de há uns anos (tantos quantos os que pude pagar) e simpatizante de toda a vida.

Do mesmo modo, não me esqueci, nem nos foi explicada, a ruptura entre Soares Franco e Dias da Cunha, termos em que porventura conviria apurar se foram motivos conjunturais (do género, "não gosto do Peseiro!"), em que se apontaria leviandade ao ora candidato ou estruturais (do género, "não concordo com os processos de decisão apesar de agora em pouco diferir de Dias da Cunha"), em que se diria faltar sinceridade ao candidato.

Do mesmo modo como não percebo como se passa do "Não daria para presidente do Sporting porque tenho pouca sensibilidade para o ecletismo" para o "Aprovem o meu projecto, ou em alternativa gerem uma crise directiva a meio da época, e assim condicionem os demais, porque isso é que é democrático?"

Gostava que todos ou algum dos candidatos me dissessem o que pretendem para o Sporting!
  • Manter uma equipa de miúdos, dos quais a maior parte não tem tem talento, mas sózinhos não têm nem barba bem estaleca para uma equipa que luta pelo título ou investir num ou outro?
  • Manter o ecletismo ou disfarçar a vontade de apostar todas as fichas no mesmo número assim que Moniz Pereira (venha longe o dia!) deixe o clube?
  • Vender o Clube às fatias, em sale and leasebacks faseados ou rentabilizar os espaços construídos?
  • Apostar em jogadores portugueses ou estrangeiros, ou simplesmente em jogadores "baratinhos" que depois não dão?
  • Apostar em África ou deixar esse mercado aos Clubes franceses, aliás em exclusivo?
  • Continuar a importar telenovelas brasileiras, de má qualidade, por desiquilibrio de nacionalidades na constituição dos planteis?
  • Transformar os núcleos num sítio onde se vai uma vez por ano a um jantar ou convertê-los em centros de sportinguismo e ligação ao clube, em olheiros e angariadores locais?
  • Ignorar as filiais (como se fez com o Farense, onde Benfica e Porto sempre perdiam) enquanto se olha para mais umas festas com fogo de artifício e poleiros para os amigos?
  • Ignorar os diferentes protocolos celebrados com portentos do futebol como o Cerro Corá ou o WAC ou repensar esta política a sério?
  • Fomentar a disciplina, sobretudo com os mais antigos ou enxotar jogadores úteis ao Sporting e necessários à identidade entre sócios e equipa?
Palavra... Não fosse a ausência de alternativas, não fosse este um país com um jornalismo sofrível, e os candidatos eram outros, as perguntas as indicadas supra.

2 Comments:

  • At 9:07 da manhã, Blogger Apre said…

    Parece que 'rentabilizar os espaços construídos' não resultou, não entendo como se pode abdicar de um projecto tão rapidamente e ponderar a venda do Alvaláxia e do Edificio Visconde, não era suposto gerarem rendimento fixo?

     
  • At 11:14 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    O Alvaláxia só será ren´tável qdo passar de mini-centro comercial, estilo botica de bairro, para loja destino com a loja verde metida no meio...
    Só para termos a noção, o Media Markt está sempre cheio...

     

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