Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

É interessante observar que a linha mais à esquerda deste governo vem exactamente do fundador do CDS. Hoje não restam dúvidas que Sócrates, e os seus mais chegados, seguem políticas de centro-direita e liberais (aumento da idade da reforma, congelamento das carreiras na função pública, posição de apoio ao CA da Autoeuropa em detrimento da comissão de trabalhadores, fortes incentivos ao investimento estrangeiro, privatização da Galp, diminuição do papel do Estado na vida das pessoas,...).
Ao contrário, temos um Ministro dos Negócios Estrangeiros cujo discurso coincide com o de um qualquer líder de um partido de extrema esquerda espalhado pelo mundo. Chamou Hittler a Bush (depois desmentiu, com vergonha) e agora vem tomar posição pelo fundamentalismo/terrorismo islâmico contra a sua cultura ocidental.
Não vale a pena fingir que não há um choque de civilizações (grande livro de Samuel Huntington). A questão é muito simples: Deve ou não a liberdade de expressão ser limitada de modo a proibirmos este tipo de trabalho jornalístico ? A resposta já foi dada pela História, e em Portugal, com abolição da censura.

3 Comments:

  • At 4:53 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    1. O discurso do dito cujo é duplamente imbecil.

    2. Desde logo porque - arauto dos bons costume - pretende impor a censura do bom gosto à criação artística (já nem tanto ao direito à informação ou à expressão...).

    2.1. Para tanto, invocou o direito penal em termos que, como bom administrativista (actualizado até 1983), valem zero do ponto dogmático. Não deixa de meter dó a falta de profundidade com que o referiu na televisão.

    2.2. Se da Coca-Cola se dizia "Primeiro estranha-se, depois entranha-se", de um ministro de estado com background universitário espera-se ponderação e - se calhar sou eu que exijo demais - sentido de estado.

    2.3. Além da resposta histórica a que aludes, em relação à qual o Professor manteve - de resto - uma ambiguidade curiosa, esta situação não deixa de me lembrar as histórias que se ouviam acerca dos professores do seminário. Não eram eles - os guardiães dos bons costumes - que se entretinham a sobrepor roupa interior às estátuas greco-romanas a bem da decência e paz social?

    2.4. E eu que sou católico... Não me lembro de o ter ouvido falar dos padres anualmente mortos em países islâmicos (e não só), da caricatura de António acerca da posição do papa sobre o preservativo, da miríade de considerações afrontosas de Saramago acerca de uma fé que abraça a esmagadora maioria da população... Se calhar é da minha memória.

    3. Por outro lado, não deixa de me espantar que este Senhor não se pronuncie, com igual clarividência, sobre o respeito pelos direitos humanos nesses países, pelas proibições a que nós por lá somos sujeitos (por que raio não posso beber uma imperial em paz?), pelo desrespeito pelas nossas crenças individuais, etc.

    3.1. Espero que ele critique os livros do Saramago, os filmes do Almodôvar, a mais louca história do mundo do Mel Brooks, e, porque não, as sinfonias do Tchaikovsky que até parece que dava para o outro lado.

    3.2. Espero que, finalmente, perceba que não é metade do que pensa, ou do que escreveu que era na sua autobiografia, e que se reduza à sua função: MNE.

    3.3. Só um comentariozito... Ser MNE não é ir à TV dizer "Eu apoio o Ramos Horta desde que o gajo seja o previsível vencedor". É trabalhar em vários cenários, e ser discreto.

    4. Restam-me duas interrogações:

    4.1. Será que ainda o vou ver a concorrer a PR pelo Bloco de Esquerda?

    4.2. Será que vai cortar relações com o Brasil pelo facto de eles contarem anedotas de portugueses? É xenófobo, e inadmissível à luz do seu conceito de liberdade de expressão...

    5. A questão não é de guerra de civilizações, mas de simples ingenuinidade, mediatismo, e demagogia.

    PS - O argumento ("alguém já viu a cara de Maomé") do líder da comunidade islâmica, não fosse assunto sério, era muito cómico. Eu que o tenho por homem honesto...
    e razoável.

     
  • At 6:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Foi, sem dúvida, um comentário/pedido de desculpas lamentável, no mínimo.
    Como é possível que, no meio da reacção violenta que estavamos a ver, se possa dizer que a honra de uma figura como Maomé não podia nem devia ser atingida... e que tínhamos que compreender a reacção?!?!
    Uma reacção normal foi, por outro lado, a do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Esteve muito bem, na minha opinião, dizendo que "não pode nem deve haver ninguém que possa constestar a liberdade de expressão de cada cidadão, sendo essa uma das leis base dos Estados Democráticos".

     
  • At 7:58 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Pena q apenas o tenha feito fora da Europa, em visita aos EUA (creio, porque de conhecimento indirecto).

     

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