A la Sinistra per favore

1. A coligação da Oliveira, tudo indica, terá ganho as eleições em Itália.

2. Devo dizer que não me surpreende: mesmo para um país capaz de gerar Fellini, as últimas intervenções (públicas e não só) de Berlusconi são absolutamente surrealistas. O que nem se estranha atento o papel dos artistas Italianos, sobretudo pintores, neste movimento durante os anos '20...

3. Questão diversa é saber: (i) como enquadrar nos politicamente a referida vitória (direita ou esquerda), (ii) saber se, de facto, a podemos enquadrar como vitória.
3.1. Quanto à primeira questão, não creio que tanto o movimento de Berlusconi como o seu adversário possam ser enquadrados nos cânones tradicionais: aqui, o critério político - correspondente ao entendimento que cada um perfilha do papel do Estado na economia - encontra-se severamente influenciado por um critério geográfico.
3.1.1. De resto, ninguém tem dúvidas que Berlusconi - como one show man que é - tem uma consistência dogmática muito duvidosa.
3.2. Quanto ao enquadramento ou não dos resultados eleitorais como vitória do centro-esquerda, o tempo o dirá. Mas a haver vitória a política italiana estará, com alguma segurança, mais temperamental que uma grávida de 8 meses aquando da marcação do parto.

4. Teremos, por isso, direito a repetição da contagem dos votos (George Bush fez, aparentemente, escola) e, tudo indica, um cinzentão com uma das principais economias europeias a cargo.
4.1. Mudanças? Nem vê-las... A Itália sempre viveu à margem do Estado.