Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Já lá vão uns anos...

Foi há já uns aninhos que dois republicanos (logo, uns verdadeiros democratas, segundo a inteligentzia dominante) atentaram contra a vida (leia-se, praticaram e/ou tentaram praticar o crime de homicídio) de membros da Família Real.

Não obstante as origens citadinas do republicanismo português, apesar das consabidas ligações do movimento republicano à carbonária, sem prejuízo do facto de nunca ter sido verdadeiramente sufragada a real aceitação do povo relativamente à nova forma institucional do estado, a jacobina maioria tem insistido numa nomenclatura suficientemente desfasada para, com segurança, afastar (ou pretender fazê-lo) o ideal republicano do Estado Novo.

Com o rigor de quem reescreve a história segundo um determinado programa, já o franquismo é, evidentemente, apontado como expressão máxima de uma monarquia bacoca e afastada da real vontade dos povos. Desconsidere-se, claro, o facto de ter sido por iniciativa real que o poder régio se viu limitado... Igonore-se, naturalmente, a diminuição dos cadernos eleitorais praticada durante a maioria do consulado republicano...

A implantação da república trouxe-nos o caos nas contas públicas, a bandeira mais inestética (com origem estritamente partidária) da UE, uma participação vergonhosa na Primeira Grande Guerra, um hino militarista e com apelo directo (por deficiente adaptação) ao suicídio e, sobretudo, a o carácter difuso do sentimento nacional anteriormente corporizado no chefe de Estado.

As comemorações da implantação da república, rito ateu anualmente repetido por meia dúzia de figuras que dela participam (beneficiam?) nada de novo trouxeram. Se as do 25/4 ainda reunem meia dúzia de saudosistas, que dizer da miserável ausência de conteúdo com que nos brindaram? Que dizer - sobretudo às gerações mais novas - em sede de afirmação da nossa especificidade cultural e histórica numa Europa sem convicções ou rumo definido?

Se se consagra a irreversibilidade de uma opção revolucionária, pelo menos que não se apague o que de bom antes se foi construindo...

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24 Comments:

  • At 10:24 da manhã, Blogger Paulo Martins said…

    Excelente post NMB!

    Devo confessar que também eu já fui mais republicano do que sou hoje. De facto reconheço que Portugal em Monarquia teria bem mais viva a sua História (e tão grandiosa que foi em determinados momentos).

    O impacto da Monarquia, em termos políticos, hoje sente-se fundamentalmente na figura do chefe de estado. Deixariamos de ter um PR (cujos poderes sempre foram muito pouco interventivos em Portugal) e passaríamos a ter um Rei. Devemos ter eleições ou aplicar somente a regra da hereditariedade na designação de um chefe de estado desta natureza? Deixo a questão.

    A Monarquia tem a grande desvantagem de levar com ela o manto do religioso e do católico. O Estado hoje deve/tem que ser um Estado laico.

     
  • At 10:24 da tarde, Blogger Miga said…

    NMB,

    Também considero um excelente post.

    Tenho a mesma opinião que vocês. Logo com o exemplo que dás, Paulo, da nossa História poder ser mais viva com a Monarquia. Temos, aliás, o exemplo de nuestros hermanos aqui ao lado.

    Quanto ao facto de haver eleições ou de ser aplicada a regra da hereditariedade, aí penso que só podia ser a segunda. A sucessão está inerente à Monarquia na minha opinião, não concordam?

    Concordo com o que referes, NMB, sobre o que nos trouxe a implantação da República.

    Quanto ao que referes sobre o que dizer aos jovens, penso que a ideia de muitos deles se resume ao facto deste dia ser mais um feriado... e este até foi à 6ª feira! Fim-de-semana prolongado!...

     
  • At 11:46 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Concordo que havendo Monarquia se aplique a regra da sucessão. Mas não retirará essa regra o elemento democrático ao regime monárquico? Será o povo representado por uma pessoa que não é escolhida por esse mesmo povo?

    Não concordo que a República seja responsável por tudo o que de mal se refere, descontrolo nas contas públicas ... A 1ª República correu muito mal é um facto. Mas tal não se relaciona necessariamente com a República. Basta analisar a nossa Monarquia para encontrarmos igualmente momentos de grande dificuldade a nível económico, político e social ...

     
  • At 11:01 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo e Miga,

    A República não é boa ou má para o desgoverno...

    Mas é estatisticamente dissonante do conceito de democracia (grandes períodos de instabilidade e/ou autoritarismo) e potenciadora de abusos ciclicamente repetidos (e patrocinados...).

    Miga,

    O conceito de monarquia implica apenas o caracter vitalício da qualidade de chefe de Estado. Há monarquias electivas (como o Vaticano) com igual sucesso mas, creio que aí estamos todos de acordo, não é esse o conceito que se procura.

    Será assim tão "mais democrático" eleger uma personagem mediática que apenas se tornou conhecida por ter sabido integrar um qualquer aparelho?

    Não estou convencido que sim...

     
  • At 5:39 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Grande post NMB
    Como ponto prévio não me considero nem republicano nem monárquico. Acho que os homens é que fazem os regimes. Tivemos grandes reis mas também reis péssimos, que nos colocaram várias vezes à mercê dos espanhóis.
    Em termos históricos dizer que os descobrimentos apenas foram possíveis por sermos uma monarquia parece-me um disparate. Os reis responsáveis pela nossa grandeza (D. João II e D. Manuel) foram realmente enormes.
    Nos grandes portugueses eu apoiava D. João II. Agora estou longe de o considerar um democrata.
    Nada tenho a opor a um referendo sobre o regime dizendo desde já que á partida votaria contra pois não vejo vantagem na figura decorativa de um rei.
    Aponto o Rei Juan Carlos como um bom exemplo. Todavia, a Rainha D. Isabel é um péssimo exemplo em termos de gastos para o erário público.
    Prefiro escolher e até que o meu canditado perca que ter um rei imposto, cuja legitimidade decorre de um sangue pseudo azulado.

     
  • At 11:45 da tarde, Blogger José Pinto-Coelho said…

    Aos meus co-bloggers deixo apenas um fadinho, do meu ilustre e querido amigo (grande) fadista, João Ferreira-Rosa, com o qual me identifico a 100%:

    Portugal foi-nos roubado
    Há que dizê-lo a cantar
    P'ra isso nos serve o fado
    P'ra isso e p'ra não chorar

    Cinco d'Outubro de treta
    O que foi isso afinal
    Dona Lisboa d'opereta
    Muito chique e por sinal

    Sou Português e por tal
    Nunca fui republicano
    O que eu quero é Portugal
    P'ra desfazer o engano

    Os heróis republicanos
    Banqueiros, tropas, doutores,
    No estado em que ainda estamos
    Só lhes devemos favores...

    Outubro, Maio, Abril,
    Cinco, dois oito, dois cinco,
    Reina a canalha mais vil,
    Neste pano verde e tinto

    Sou Português e por tal
    Nunca fui republicano
    O que eu quero é Portugal
    P'ra desfazer o engano.

    Mas só ouvindo, ao trinar das guitarras, é que se sente verdadeiramente. Até fico com a pele arrepiada!!! Bem, entusiasmei-me. Aqui vai:

    Um olhar para os anos que passam e para as iniciativas europeias que se iniciam mostra que ao Chefe de Estado de Portugal se exige mais independência do que aquela que a natureza do actual regime de Chefia de Estado proporciona - e mais visão estratégica do que a revelada pelo debate de ideias dos candidatos à Presidência, aquando das eleições presidenciais.
    As transformações político-sociais em curso e os fenómenos inerentes à globalização e massificação, cada vez mais exigem uma valorização dos factores locais, comunitários e ecológicos que, no caso português e ao longo dos séculos, consolidaram a Nação e conformaram o nosso território.
    A Cimeira Europeia de Nice, na sequência do Tratado de Amsterdão (há uns anos), comprovou que a Europa normal é a que resulta das negociações intergovernamentais entre Estados soberanos, deixando para segundo plano as instâncias comunitárias.
    O prestígio próprio e institucional do Chefe de Estado e a identificação espontânea e afectiva entre a comunidade e o seu representante máximo são cada vez mais indispensáveis para o reconhecimento externo e para a vitalidade interna do Povo europeu e lusófono que somos.

    Nestas circunstâncias, é necessário e legítimo que os portugueses se interroguem sobre se a Chefia do Estado deve apenas depender, como a actual Constituição estabelece e OBRIGA, proibindo qualquer referendo que ponha em causa o sistema de governo (escandaloso!!! são os tais pseudo democrato-jacobino-maçons intelectuais de esquerda que saídos das casernas se puseram a legislar), de um acto eleitoral cada vez mais artificial e divorciado da Nação - ou se, pelo contrário, deverá processar-se mediante uma escolha que seja simultaneamente ética, cultural e histórica, legitimada por consenso popular e assente na sua ligação às raízes de Portugal.
    É evidente que, na sua maioria, os portugueses não são nem monárquicos nem republicanos. Mas, chamados a debate, querem o bem da "res publica" (no sentido clássico do bem comum - coisa pública) e convidados à reflexão reconhecem que a Instituição Real que observam noutros Estados europeus é a melhor garantia de equidistância perante as demais instituições públicas (basta ver os países nórdicos). Com efeito, o Chefe de Estado Real emana da Nação e não de grupos de interesse.
    Não é sensato que o país continue a desperdiçar esse tesouro que outros povos souberam preservar: a independência e a dignidade institucional do Chefe do Estado por meio das instituições monárquicas. O monarca tem, de facto, condições para promover com eficácia e isenção a solidariedade nacional e a independência do poder judicial e das Forças Armadas, bem como para projectar a nossa representação externa com prestígio e continuidade.

    Por isso, promovam-se as condições democraticamente requeridas para uma transição de regime na Chefia de Estado. Dom Duarte de Bragança pode, como ninguém, servir Portugal nesse cargo. As circunstâncias ditarão os procedimentos. Em qualquer circunstância, geracional ou constitucional, a legitimidade democrática estará sempre nas mãos do Povo Português. O interesse do País deve sobrepor-se ao interesse das facções e ao imobilismo dos preconceitos. É esta a reflexão a fazer.

    Com mais ou menos funções constitucionais, o que parece hoje importante é que o Chefe de Estado assegure as características fundamentais de um País moderno e progressivo - isenção, suprapartidarismo, continuidade, coesão e identidade nacional, ligação permanente entre a Nação e o Estado, etc., etc. Todas as características que, afinal, decorrem da própria natureza da instituição real e que serão crescentemente valorizadas, em prejuízo do único elemento verdadeiramente caracterizador do regime republicano - o principio electivo, como uma das formas de garantir a legitimidade do Chefe de Estado.

    Tivemos um Chefe de Estado (o anterior) de todos os Portugueses. Porque o partido do Governo o decidiu apoiar e propor. Temos hoje um Chefe de Estado de todos os Portugueses. Porque um em cada (quantos? quatro? cinco?) Portugueses decidiu escolhê-lo, através do voto. O que é que isto tem de mais legítimo do que um Rei que terá sempre de ser reconhecido pelos partidos e aclamado pelo povo?

    Uma diferença sabemos que existe: o Rei, porque dispensa esta artificial forma de legitimidade, nunca será refém do partido que o apoiou, nem Chefe de Estado de cidadãos que contra ele votaram.

    Na linha, de resto, do próprio discurso que o Presidente Sampaio fez aquando da sua última campanha, afirmou que se consideraria legítimo eleito se ganhasse as eleições nem que fosse com o voto de um único cidadão. A conclusão que podemos tirar é a de que o princípio electivo deixa de ser o elemento substantivamente caracterizador da chefia de Estado republicana, para passar a ser apenas uma mero dispositivo formal, justificado por uma certa estética que o regime ainda não dispensa. Portanto, essa não "pega"!

    E a verdade é que Portugal tem um Rei, disponível e preparado para assumir a chefia de Estado. E será, por certo, o único Chefe de Estado que, na sua legitimidade originária, se pode assumir, sem artificialismos, como o Rei de todos os Portugueses.

    Viva a Democracia! Viva o Rei! Viva Portugal!

     
  • At 10:33 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    NMB,

    Tal não é verdade. Sabes bem que o regime autoritário (fascista, para alguns) de Salazar surgiu pouco depois da implantação da República, mas tal não se deveu em exclusivo ao desnorte da 1ª República. Por toda a Europa foram implantados regimes autoritários/fascistas nesta fase crítica e atípica da História.

    Quanto à questão da maior democraticidade ou não na eleição do chefe de estado. Entendo que dados os poucos poderes conferidos ao PR na CRP, na elevada abstenção que se verifica nessa e noutras eleições, na "formatação partidária" dos candidatos a PR, a falta do acto eleitoral na Monarquia não pode servir de desculpa para defender neste ponto a República.

    Quanto às capacidades de chefe de estado de Dom Duarte de Bragança ... Talvez dê para o faduncho!!!

     
  • At 10:08 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    Citando José Pinto-Coelho, "O prestígio próprio e institucional do Chefe de Estado e a identificação espontânea e afectiva entre a comunidade e o seu representante máximo" são argumentos que não consegues reproduzir com um sistema republicano.

    José Pinto-Coelho,

    O que temo na monarquia são alguns monárquicos. Eu era assumidamente monárquico até que um Colega de faculdade, entretanto em ascensão no CDS, me veio falar no "trincheiro real"...

    O conceito em si mesmo é, contudo, imbatível.

    Todos,

    Temo particularmente a diluição do sentido nacional de que a visita do herdeiro de Espanha foi ilustrativa: uma série de portugueses ao sol para aplaudir alguém que não nos é nada (de bom, pelo menos).

    Já leram as (recentemente republicadas) cartas entre João Franco e D. Carlos?

     
  • At 11:13 da manhã, Blogger tiroliro007 said…

    Insisto que o elemento electivo é para mim um ponto fundamental.
    Os poucos poderes que mencionas Paulo são realmente verdadeiros. Acrescento contudo que em grande parte das monarquias dos tempos modernos os poderes são quase todos reduzidos a uma mera representatividade externa.
    Por outro a legitimidade de um rei advem grande parte das vezes de uma origem divina. Consideras legítimo alguém cujo poder vem de Deus, pergunto eu.
    Insisto que prefiro o nosso Presidente Cavaco ao ex futuro rei D. Duarte Pio, que realmene é uma pessoa simpática, educada, mas é mais bolos.

     
  • At 5:08 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Tiroliro,

    Desculpa mas bolos (no caso, bolo rei bastante mastigado) é mais o Cavaco...

     
  • At 10:16 da manhã, Blogger Miga said…

    Não tenho tido oportunidade de comentar, mas não quero deixar uma palavra de apreço pelo excelente comentário do José Pinto-Coelho!

    Concordo com várias ideias apontadas, nomeadamente a da legitimidade da escolha do Presidente e do Rei. De facto, um Presidente pode dizer-se de todos os portugueses, mas vendo bem é o Presidente dos trinta e muitos por cento que não votaram, e de todos os outros que não votaram em si.

    No seguimento disto, questiono se o elemento electivo será essencial como afirmas, Tiroliro. Não concordas, como referiu o José Pinto-Coelho, que o acto eleitoral está cada vez mais artificial e afastado da Nação?

    Obviamente, que não sei se seria melhor ou não a mudança de regime, mas não sou nada contra essa mudança. Gosto do exemplo que temos aqui da nossa vizinha Espanha.

     
  • At 3:59 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    A minha única dúvida na Monarquia reside na competência inerente ao cargo, isto é, julgo existirem mais probabilidades de competência de um PR (necessária por exemplo na representatividade externa, na ingerência possível nos assuntos governativos, ...) do que um "tipo" que nasceu filho de outro "tipo" que é Rei e que nem sequer está virado para essa coisa de ser Rei. Em resumo, acredito que cada pessoa deve fazer o seu caminho e os caminhos impostos grealmente dão mau resultado.

    A grande vantagem da Monarquia é fundamentalmente cultural. É o reconhecimento do nosso passado e manter vivo o que de (bom e mau) se fez num país com largas centenas de anos de História.

    Devemos, no entanto, também reconhecer que a afirmação monárquica para alguns monárquicos (pelo que percebo, tal não se aplica a nenhum dos participantes neste blogue) também tem muito de estético.

     
  • At 4:11 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Concordo completamente com o último comentário do Paulo. Suscrevo por inteiro as vantagens e desvantagens da monarquia, por ele mencionadas.
    Agora em relação à questão electiva, meu caro amigo miga, os idiotas que não exercem o direito de voto (60 a 70%) não são merecedores do regime democrático que foi instituído pós 25/4.
    Como disse em relação ao aborto, ainda que não fosse vinculativo, o mesmo deveria ser sempre seguido mesmo tendo ganho a posição do Sim.
    Não concordo com os meus amigos Zé (excelente comentário meu caro) e Miga. O acto eleitoral tem o peso que lhe quisermos dar. Eu dou muita importância e prefiro escolher o chefe de estado que ter o filho da filha do filho da filha como rei do meu país.
    Eu penso que o comentário do Zé ia mais no sentido dos defeitos da democracia electiva que temos, mas isso é outro assunto.
    Caricaturando o rei sabe montar, sabe falar, sabe regras de etiqueta, sabe 230 idiomas, sabe estar, mas até pode ser um perfeito idiota que tudo bem.
    Concordo com a tua apreciação Miga, sobre a monarquia espanhola, mas vejo que infelizmente a nível interno começa a deixar de ter o peso que tinha. Espero sinceramente, a bem da "pseudo" nação espanhola, que continue a ser um elemento agregador.

     
  • At 9:50 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo e Tiroliro,

    Consideram, portanto, que estaríamos melhor servidos com um General como Spínola ou Eanes ou com um deputado como Alegre do que com um tipo que toda a vida foi preparado para assumir esse cargo?

    É que pode ser mais ou menos feliz mas, seguramente, tem a preparação e os contactos que os outros não têm nem nunca poderiam ter...

     
  • At 10:40 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    O que eu escrevi foi: "julgo existirem mais probabilidades de competência". Não arrisco uma estatística de competência entre PR e Reis, mas como já referi, não acredito em determinismos, a vida de cada pessoa deve ser construída por essa mesma pessoa ...

    Já agora que garantias te daria o Dom Duarte de Bragança nas conversa semanais com o (Eng) José Sócrates, na decisão de veto ou não de diplomas legislativos nas mais variadas matérias - ou achas que um chefe de estado se deve cingir a organizar (ou a ser convidado para) uns jantares ?!?

     
  • At 3:14 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Acredito mais no bom senso e convicções de D. Duarte do que no interesse nacional de Cavaco, Soares ou Alegre....

    E prefiro, de longe, o alcance político do primeiro ao perfil internacional de Cavaco, poliglotismo de Soares ou clarividência de Alegre...

    Mas sei que uma democracia que elege Isaltino, Valentim ou Avelino é um mérito em si mesma...

     
  • At 4:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Bem, comparares D. Duarte a Cavaco Silva como chefe de estado de Portugal só pode ser para rir. Mesmo na perspectiva de um anti-cavaquista monárquico ...

    Quanto ao argumento dos valentins e isaltinos é totalmente demagógico. Como sabes, em monarquia não deixariam de existir eleições autárquicas, nem seria a monarquia (muito menos com D. Duarte) que acabaria com os valentins, isaltinos e populaça adjacente que vota nesses senhores.

    Se quiseres, seguindo igualmente uma linha demagógica, podia lembrar-te situações muito mais graves ocorridas em monarquia, por exemplo, sucessivos regimes absolutistas e anti-democráticos, impossibilidade total de distinção entre estado e igreja, impossibilidade de subir social e económicamente em função do mérito, corrupção era regra e tradição na sociedade (não foi certamente criada a partir de 1910), política comercial pós descobrimentos completamente ruinosa, política de colonizações mal conduzida, ultimatum inglês, ...

     
  • At 4:36 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    Lamento dizer-te mas falhaste o objcto do meu comentário.

    1. Não pretendo comparar D. Duarte com Cavaco Silva. Apenas entendo que o primeiro será tendencialmente mais apartidário e desinteressado do que o segundo.

    2. Curiosa a omissão de Soares ou Alegre, qualquer destes um risco se ascendessem ao poder. E é esse o risco: que um Soares, um Alegre ou um qualquer dos muitos "valentins e isaltinos" que por aqui grassam ascendam ao número um da hierarquia do Estado. E olha que o risco é real.

    3. Quanto aos "sucessivos regimes absolutistas e anti-democráticos", à "impossibilidade total de distinção entre estado e igreja", a "impossibilidade de subir social e económicamente em função do mérito", são argumentos básicos e enganadores. Básicos porque a realidade é mais complexa do que enuncias (é só veres a multidão de "homens-bons" que ascendiam à nobreza e/ou os muitos pólos de autogovernação que existiam desde a idade média) e enganadores porque temporalmente desenquadrados.
    Um PREC nos anos 70 é desenquadrado. Absolutismo no século XVIII é a regra.

    3. Curioso que refiras a corrupção como "regra e tradição na sociedade (não foi certamente criada a partir de 1910)", justamente agora que caímos nesse ranking...

    4. Sugiro que verifiques a diminuição dos cadernos eleitorais operada aquando da democrática república.

    Nestas coisas, há que discutir as ideias; tudo o mais é poeira.

     
  • At 4:53 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Muito boa tarde,
    Embora seja uma conversa de cavalheiros ...
    Gostaria de deixar o meu comentário relativamente á hereditariedade na suposta Monarquia ...sim, porque se já nem a Monarquia é o que era ..... (plebe, divórcios e uma planóplia de variantes aceites)
    ...o que é que se pode esperar da República ou do que ela representa??!!!

    Não concordo de todo com a passagem por consanguinidade, pois se o individuo/a for um perfeito anormal governa na mesma ....??? .... depois aparecem os cognomes ....
    Em pelo sec.XXI, já está mais que provado que não é funcional!
    Já para não falar que o Bush venceu as eleições, mas quem teve mais votos foi o Al Gore ....??? Alguém explica !!!!!

     
  • At 5:52 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Alexandra Duarte,

    Sobre a pergunta "se o individuo/a for um perfeito anormal governa na mesma ....???" há duas respostas possíveis:

    1. Se usou a expressão em sentido técnico, constitui causa de exclusão da linha sucessória. No problem.

    2. Se usou a expressão em sentido figurado, alguma coisa o impede num sistema republicano?

    Reitero: não sou propriamente monárquico mas vejo nesta forma institucional grandes vantagens...

     
  • At 7:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    NMB,

    Quanto às duas figuras D. Duarte e Cavaco realmente não percebi, pois dizes que "Não pretendo comparar", mas logo depois dizes "o primeiro será tendencialmente mais apartidário e desinteressado do que o segundo". Fica clara a tua posição (por omissão) quanto à aplicação dos demais requisitos (quiçá os mais importantes) a uma e a outra figura.

    Se ficas mais descansado, posso-te dizer que na minha opinião qualquer um dos dois está mais preparado para chefe de estado que o D. Duarte.

    Quanto aos exemplos que dei, quis exactamente demonstrar-te a demagogia que tu próprio utilizaste quando trouxeste à baila os casos Valentim Loureiro e Isaltino Morais (há outros, Avelino Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, ...). É fácil desenquadrar as questões quando argumentamos e foi o que tu fizeste quando deste os exemplos que já referi e que nada têm a ver com a discussão República vs. Monarquia. Que aliás voltas a fazer no teu comentário 4. E que já tinhas feito quando mencionaste o autoritarismo no período republicano.

    Assim, passada a poeira, volto à discussão das ideias:
    1) O elemento de menor democraticidade na monarquia é pouco relevante, dadas as condições em que se elege o actual PR;
    2) Existem mais probabilidades de competência quando comparamos uma pessoa (Rei) com um universo vastíssimo de portugueses que podem desempenhar o cargo de PR;
    3) A monarquia traria como grande vantagem o reconhecimento do nosso passado e o que de (bom e mau) se fez num país com largas centenas de anos de História.

    Em suma, confesso que teria alguma dificuldade hoje em tomar uma decisão de SIM ou NÃO num eventual referendo sobre a matéria.

     
  • At 7:18 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Meus caros
    Não creio que a comparação de nomes nos traga algo de positivo para a nossa conversa, porque encontramos maus reis e maus presidentes (relembro sidónio pais).
    Tb não creio que a democracia seja um sistema perfeito, mas insisto que eu quero poder escolher quem representa externamente o meu país. Eu quero e hei de votar sempre.
    Quem não quer, coloca-se à margem do sistema e portanto como já disse não conta para mim.
    Em relação ao D. Duarte, eu conheço o senhor e devo confessar que gostei da personagem. Agora comparar com o Prof. Cavaco Silva acho uma heresia.
    Deixando os nomes de lado, e retomando o essencial, eu tb não teria facilidade de votar num referendo.
    Antes de mais porque existem vários tipos de monarquia (com ou mais ou menos poderes dos reis) tal como existem diversos regimes republicanos. Votar em abstracto seria patético.
    Se me perguntarem, concordo que os poderes que o PR actualmente tem passem para um rei. Aí meus caros, a minha resposta a bem da nação só pode ser uma - NÃO.
    Não concedo que a linhagem seja melhor para a nação que a eleição, ainda que pouco participada de um PR.

     
  • At 8:54 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo e Tiroliro,

    (F***-se que vocês estão chatos, pah!)

    A ideia fundamental é que alguém exterior ao sistema será sempre mais independente relativamente a este.

    Não estou com isso a comparar o bigode de D.Duarte com o bolo-rei de Cavaco, a birra antidemocrática de Soares no PE ou a inexistência de outras noções que não as de ritmo ou métrica em Alegre...

    Tiroliro,

    Daí que a questão não seja linhagem versus eleição mas sim preparação (uma vida de) versus improviso no desempenho do cargo.

    Concedo que os poderes do chefe de estado tivessem de ser revistos (mandava o semi-presidencialismo às malvas mas isso justifica outro post...)

     
  • At 3:20 da tarde, Blogger José Pinto-Coelho said…

    Meus Caros,
    Vou muito rapidamente, sem a minúcia necessária à discussão da(s) questão(ões), expôr o seguinte:
    Ao Paulo:
    discordo quando se refere à competência inerente ao cargo afirmando "julgo existirem mais probabilidades de competência de um PR (necessária por exemplo na representatividade externa, na ingerência possível nos assuntos governativos, ...) do que um "tipo" que nasceu filho de outro "tipo" que é Rei e que nem sequer está virado para essa coisa de ser Rei." Com a devida vénia, assim não é, já que qualquer filho de Chefe de Estado monárquico é educado e criado, desde pequenino, com uma ritmo e qualidade de vida àparte das demais, com as benesses e privações que todos conhecemos,
    com a uníca finalidade de suceder a seu pai. Como tal tenho, também que discordar quando diz que "qualquer um dos dois está mais preparado para chefe de estado que o D. Duarte". E remeto para o já exposto. Não há educação (moral, profissional e de Estado) como a de um futuro rei. Sabe mais e mais conhecimento tem o príncipe herdeiro D. Afonso no que diz respeito às mais variadas matérias e assuntos de qualquer foro (até à sua humana capacidade de criança, claro está!), do que qualquer rapaz da sua idade ou mais velho (!!!). Concordo quando diz que "O elemento de menor democraticidade na monarquia é pouco relevante, dadas as condições em que se elege o actual PR", pois foi um dos pontos que foquei no primeiro texto. E concordo, ainda, quando o Paulo diz que: "Existem mais probabilidades de competência quando comparamos uma pessoa (Rei) com um universo vastíssimo de portugueses que podem desempenhar o cargo de PR". Até me dá razão naquelas linhas mais acima escritas...! Concordo, também, com:
    "A monarquia traria como grande vantagem o reconhecimento do nosso passado e o que de (bom e mau) se fez num país com largas centenas de anos de História".

    Ao nmb:
    Concordo quando diz que (o Chefe de Estado Rei)"pode ser mais ou menos feliz mas, seguramente, tem a preparação e os contactos que os outros não têm nem nunca poderiam ter..." e "Daí que a questão não seja linhagem versus eleição mas sim preparação (uma vida de) versus improviso no desempenho do cargo". É muito bem visto e, a mim, parece-me óbvio.

    Ao meu caro amigo tiroliro:
    Discordo quando diz: "Se me perguntarem, concordo que os poderes que o PR actualmente tem passem para um rei. Aí meus caros, a minha resposta a bem da nação só pode ser uma - NÃO." E discordo porque, como já referido, um herdeiro é muito melhor preparado a todos os níveis do que um zé-ninguém que sobe na carreira política (no pior significado que tem essa palavra) tendo em vista os tachos e as regalias e não o futuro e o bem da Nação, que é o único e principal objectivo do herdeiro, e para tal é criado e educado, com uma bagagem e rigor de fazer "inveja" a tanto PR que por aí há. Discordo, também, com: "Não concedo que a linhagem seja melhor para a nação que a eleição, ainda que pouco participada de um PR". E discordo no seguimento de tudo quanto mencionei ao longo deste "comentário".
    Cumprimentos a todos!

     

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