Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

segunda-feira, setembro 10, 2007

VIVA PORTUGAL!

Já aqui defendi esta ideia. Sou completamente contra a utilização pela nossa selecção nacional de jogadores não nascidos no nosso território. É uma completa aldrabice do que devia ser um jogo de futebol entre países. Os jogos entre selecções nacionais deviam ser jogados entre pessoas nascidas em cada um dos territórios. Não me revejo numa selecção de decos e pepes ... Onde é que isto vai parar? Já imaginaram as selecções daqui a vinte anos? Nesta matéria, sou claramente do PNR.

Os únicos e já esgotados argumentos a favor dessa utilização são sempre os mesmos: todos o fazem (não se discute se está bem ou está mal, o que desde logo indicia a conclusão óbvia - e acreditem, sou um defensor acérrimo da globalização) e acréscimo substancial de qualidade (o que é altamente discutível, será que o Deco não tem substitutos quando devemos ter dos melhores meios-campos do mundo? O Pepe é melhor que Ricardo Carvalho e Jorge Andrade? O Ricardo Carvalho está lesionado, então naturalizamos o Pepe).

Mas ainda que trouxesse qualidade, quero que na selecção de Portugal joguem o Jorge Andrade que nasceu em Lisboa, o Cristiano Ronaldo que nasceu no Funchal e o João Moutinho que nasceu em Portimão, que piada tem ver um grupo de jogadores que são de outros países a jogar com as nossas quinas ao peito? Adoro o Liedson e detesto o Nuno Gomes, mas o Nuno Gomes é português. Não consigo ser mais claro.

Quando leio no Record o Pepe a afirmar com uma leveza que até dá nojo e chega a roçar o insulto "Já aprendi a cantar o hino nacional" e depois vejo alguns jogadores da selecção nacional de râguebi (os portugueses, ex: Rui Cordeiro, sim porque também nesta selecção há intrusos) a chorar quando cantam a Portuguesa ainda fico com menos dúvidas. Ainda hoje revi as imagens e até fico com arrepios.

VIVA PORTUGAL!

PS-e já agora parabéns à Costa do Marfim por mais uma medalha.

13 Comments:

  • At 8:27 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    NATURALIZAÇÕES. Totalmente de acordo contigo: frontal oposição com o desvario de naturalizações "ad hoc" para assegurar medalhas ou nível de jogo.

    Não sentiram diversamente aquando das medalhas de Carlos Lopes e Fernanda Ribeiro, por contraposição com as de Obikwelu ou Nelson Évora? Eu senti.

    Pepe e Deco são jogadores excepcionais mas são tão brasileiros quanto alguns amigos meus são ingleses: viveram por lá uns anos.

    RUGBY. Quanto ao rugby, confesso que esta histeria em torno da selecção é-me alheia e estranha.

    Conseguiram um apuramento difícil e histórico para uma competição internacional, dão o seu melhor em cada jogo e do princípio ao fim, cantam o hino com fervor (e alguma superficialidade?), mas não são por isso melhores ou piores do que os outros.

    Assim saibam estar em França, do mesmo modo como não souberam estar no Uruguai.

    Assim se saibam promover sem se compararem com as outras selecções com recurso ao estafado argumento do profissionalismo.

    Ah! E os meninos podem passar a escrever "lawyer" ou "solicitor" em vez de "advocate", ok? É que assim não convencem ninguém de que são mesmo amadores e a vossa profissão é outra...

     
  • At 3:42 da tarde, Blogger Miga said…

    Paulo,

    Já falámos sobre este tema, mas acho que fizeste bem em voltar a ele com este excelente post.

    Tenho a mesma opinião de princípio do que tu: Selecção Nacional (e atletas de Portugal) exclusivamente representada por pessoas nascidas em Portugal. Aqui há, no entanto, umas situações particulares, como o caso do Petit que nasceu em França (se não me engano, mas facilmente conferimos pelas cadernetas... :))

    Enfim, mas os casos a que nos referimos no futebol (Deco e Pepe) têm muito dedo do Scolari. Foi ele, quanto a mim, que abriu esta nova possibilidade para a Selecção com o alegado baixo número de jogadores selecionáveis em Portugal.

    É certo que o Deco é um jogador excelente e que foi uma mais valia, ainda para mais com a retirada do Rui Costa, mas haveria certamente outras soluções. Já o Pepe parece-me uma naturalização forçadíssima, mostrando um total desrespeito pelos jogadores portugueses. É que, só assim de repente, temos para centrais, para além dos 2 habituais titulares: Meira, Bruno Alves, Tonel, Ricardo Rocha, José Castro. A propósito deste último nome que referi vão a este link(http://www.abola.pt/nnh/index.asp?op=ver¬icia=127610&tema=7). Penso que ele diz tudo.

    Também pergunto: o que será daqui a 20 anos? É que, como sabemos, Liedson (e mesmo Derlei...) estão na calha...

    NMB,

    Penso que fez todo o sentido a referência do Paulo ao râguebi, pelo facto de ser uma selecção amadora, com muito poucas condições para se preparar. De realçar o grande mérito do Tomás Morais na orientação dos "Lobos".

     
  • At 4:57 da tarde, Blogger Paulo Martins said…

    NMB,

    A minha referência ao râguebi teve unicamente como propósito comparar a emoção sentida por alguns jogadores portugueses com a frase do Pepe. Não os quero defender, nem dizer que são melhores que outros. No meu post não escrevo que os jogadores estrangeiros são maus ou más pessoas. A questão é se devem fazer parte das selecções nacionais ou não.

    Miga,

    Nesta matéria temos que ser coerentes. Se o critério é nascer em Portugal Petit deve jogar pela França. O Nani, ao contrário do que é dito e escrito por aí, nasceu em Portugal, na Amadora (Amadora não é África, seguindo a rábula dos Gato Fedorento ...). Foi adoptada a nacionalidade cabo-verdiana pelos seus pais (é uma idiotice de lei ?!?, mas é verdade), mas nasceu em território português.

     
  • At 5:56 da tarde, Blogger Miga said…

    Paulo,

    Concordo que temos que ser coerentes, daí estar a lançar a questão do Petit. Penso, no entanto, que devemos acrescentar outra condição: nascer em território português ou, não nascendo, ser filho de pais portugueses. Que dizem?

    Outro caso que me levanta algumas dúvidas é o Bosingwa. Não esteve para jogar noutra selecção (do Congo, se não me engano?). E, de repente, começou a ir à selecção...

     
  • At 6:52 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Caros,

    Uma questão é ter direito à nacionalidade pelos critérios tradicionais (ius sanguinis e ius-ai-o-caraças-local-de-nascimento), outra é dizer que por morar seis anos num país sou de uma determinada nacionalidade.

    Confiram-lhes os direitos que entenderem, tratem-nos como portugueses, não digam que o são.

     
  • At 6:59 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Meus caros,
    No plano dos princípios estou totalmente de acordo com o Paulo. Aliás eu vou mais longe, pois acho que a atribuição de nacionalidade devia de ser jus sanguini e não mero jus solli (perdoem-me o latim).
    Na pureza dos princípios um filho de um italiano, espanhol, etc seria sempre nacional desses países independemente do país onde nascessem as crianças.
    Posto isto temos de lidar com a realidade e vemos a França campeã do mundo, com arménios, haitianos, argelinos, caboverdianos, bascos, etc (3 franceses no 11 inicial).
    Isto não é uma selecção mas a FIFA deixa que assim seja. Sou contra mas é permitido.
    A minha proposta é a seguinte:
    Já que é permitido, porque não introduzir limites a estas situações não deixando que sejam mais de x % dos convocados.
    Parece-vos bem?
    Digam de vossa justiça.

     
  • At 11:05 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Miga,
    O Bosingwa nasceu no Congo.

    Todos,

    A questão é exactamente essa, se estamos constantemente a acrescentar condições (1º vêm os filhos dos portugueses, 2º vêm os que cá residem há x anos, 3º os que têm descendentes em 2º grau (...) caímos facilmente em situações como a do Deco. O critério tem que ser um único e claro e parece-me que aquele que melhor define a nacionalidade de uma pessoa é o local do seu nascimento. O critério por exemplo da nacionalidade dos pais, quando há pais com 2 nacionalidades diferentes levaria a confusões óbvias e a duplicação de nacionalidades.

    Tiroliro,

    Discordo da sugestão da limitação do número de "estrangeiros" em selecções nacionais. Acho pelas razões que apontei no post que Portugal devia assumir sem medo de derrotas o principio da utilização exclusiva de nacionais nas suas selecções.

     
  • At 11:50 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Caro Paulo,

    Em relação à nacionalidade dos pais ser diferente prevaleceria, como me parece evidente, a nacionalidade do pai. :) Ai as gajas agora é que me vão cair em cima. Venham elas.
    Em relação à questão de fundo, então se bem percebo também não admitias o bosingwa como português. Nem o nelson évora, nem a naide gomes, nem o obikwelu?
    No rugby não admitias o severin nem o mure, argentinos?
    Repito acho um princípio saudável e sobretudo os primeiros exemplos podem abrir portas para uma generalização que eu não concordo.
    Não tenham dúvidas se portugal for campeão com o deco e com o pepe lá estarei a festejar com a mesma emoção que se fosse o moutinho ou o tonel, para dar exemplos que me são mais queridos.
    PS: A alemanha além do ganês asamoah, do kurany (de nacionalidade alemã, panamiana e brasileira) jogou com 2 avançados polacos o klose e o Podolsky.
    No jogo contra a polónia tiveram de falar alemão entre eles, quando normalmente falam polaco nos restantes jogos.
    Curioso não acham?

     
  • At 10:40 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    É isso mesmo tiroliro. Temos que ser coerentes com o que achamos que está certo.

    O teu último PS é bem demonstrativo do absurdo a que se pode chegar. É um exemplo fabuloso.

     
  • At 1:44 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    http://www.youtube.com/watch?v=-VMxS1qFYz4&NR=1

     
  • At 4:58 da tarde, Blogger Miga said…

    Tiroliro,

    Muito bons, de facto, os exemplos que dás. Para além das naturalizações, estes casos são ainda mais específicos, pois bem sabemos da história entre estes dois países, nomeadamente com as invasões alemãs em 1939 (2ª GG). E alguém pensava que fosse possível um negro jogar na selecção alemã? Por este lado, é incrível as mudanças que o futebol (e neste caso o futebol) provoca nas mentalidades e raízes históricas de certos países, não concordam?

    Lá está também vibro (apesar de não concordar) com os golos do Deco na selecção (contra Rússia, nos 7-1 em Alvalade, ou contra o Irão, no Mundial).

    Estou a gostar bastante desta troca de comentários. A propósito, lanço este exercício: já viram que são muito poucas as selecções (das mais conhecidas) que não tem jogadores naturalizados? Assim de repente lembro-me da brasileira e da inglesa...

     
  • At 12:04 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Há algumas, ex: Argentina, Escócia (que ganhou ontem à França, a jogar fora e está à frente da Itália e da França no seu grupo), etc.

    E, ainda no âmbito desta questão, o que me dizem da péssima exibição do estrangeiro Deco (João Moutinho não faria melhor?) e da tentativa de agressão de Scolari ?!?

     
  • At 1:01 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Paulo,

    Corncordo contigo sobre o conteudo da mensagem mas, e apesar de gostar muito do Moutinho, dizer que ele fará melhor do que o Deco !? Momentaneamente pela baixa de forma dele talvez mas, em forma é imcomparávelmente melhor !

     

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