Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

terça-feira, setembro 04, 2007

Corrida de Touros inserida nas comemorações do 101º aniversário do S. C. P., Campo Pequeno, 30 de Agosto de 2007

Não poderei iniciar este resumo / comentário desta Corrida de outra forma que não seja, dizer que se tratou de uma magnífica “Noite de Toiros”! Uma quente noite de Verão, o Campo Pequeno estava cheio, mostrando uma bela moldura humana, de onde se conseguia perceber que estavam presentes muitas famílias, com muitas crianças presentes e participativas, ou seja, a preocupação dos pais de darem seguimento a esta bonita tradição portuguesa.

O Cartel era composto por Joaquim Bastinhas (quase a completar 25 anos de alternativa), João Moura Jr (apenas com 5 meses de alternativa) e João Ribeiro Telles Jr (ainda como cavaleiro praticante). Quanto aos Forcados, também três grupos Amadores: Lisboa, Portalegre e Coruche.

Coube, obviamente, a Joaquim Bastinhas a abertura da Corrida (cavaleiro com mais anos de alternativa em Praça). Teve uma lide ao seu estilo, quer no 1º, quer no 4º toiro, ambas arrematas pelo famoso par de bandarilhas (para os neófitos, ficou a já tradicional pretensa intenção saída para, na verdade, espetar as bandarilhas a contento). Pelo meio alguns bons ferros curtos, apenas com um comprido mal colocado no 1º toiro que lidou. Foram duas actuações regulares portanto, sem grandes erros, mas sem grande emoção também para o público. Uma palavra para o brinde que fez, antes da lide do 4º toiro da noite, aos dois jovens cavaleiros que estavam consigo no cartel da Corrida. Um gesto sincero de amizade, e certamente de incentivo aos dois jovens que estão no início da sua carreira.

Entrou depois João Moura Jr. (couberam-lhe o 2º e 5º toiros). Foi o primeiro grande momento, a primeira grande ovação da noite, nomeadamente quando, após a colocação do primeiro ferro curto, fez o seu cavalo ir a ladear na cara do toiro ao longo de mais de meia Praça. Execução brilhante, que revelou, para além de grande coragem, uma grande classe. Repetiu este gesto em todos os restantes ferros, consumando-se uma lide extraordinária. Já na sua segunda lide, mudou o estilo, mostrando uma assinalável versatilidade, mas com igual espectacularidade e qualidade. Uma lide em que citava o toiro de praça para depois, com cavalo parado, “cravar” o ferro com categoria.

O terceiro cavaleiro foi o, ainda praticante, João Ribeiro Telles Jr.. Outra magnífica actuação! Excelente postura a cavalo, muito calmo, mostrando que já possui uma noção perfeita dos terrenos que pisa. Ferros colocados com enorme classe e precisão, dos quais destaco a “sorte de violino”, herdada do seu pai. No 1º toiro que lidou executou mesmo um duplo violino (ferro curto, seguido de ferro de palmo), que fez “levantar” o Campo Pequeno.

É caso para dizer, sem qualquer margem para dúvidas, que o futuro do Toureio a Cavalo Português está garantido!

Quanto aos forcados, começaram os Amadores de Lisboa, que, em ambos os toiros que lhes calharam só conseguiram pegar à 3ª tentativa. No entanto, bem se viu que os forcados tudo fizeram, daí que tenham dado a volta à Arena; as 2ª e 5ª pegas da noite couberam aos Amadores de Coruche que tiveram a sorte e também, claro, o brilhantismo de pegar os dois toiros à 1ª tentativa; seguiram-se-lhes, finalmente, os Amadores de Portalegre, que protagonizaram o momento negativo da noite, nomeadamente no 1º toiro que pegaram, não tendo, inclusivé, respeitado o director da corrida, quando este lhes ordenou que se retirassem. Se à 4ª tentativa não conseguiam pegar o toiro, exigia-se uma pega de cernelha, já com a presença dos novilhos. Este momento não dignificou em nada, quer o espectáculo, quer o próprio grupo (como, aliás, o forcado da cara percebeu: inconsolável nas barreiras). O público presente no Campo Pequeno, claro, não lhes perdoou. Redimiram-se na 2ª pega que fizeram (último toiro da noite), consumando-a à 1ª tentativa.

Nota adiccional:

- as primeiras 6 actuações (as três primeiras lides e as três primeiras pegas) foram todas brindadas ao Presidente do Sporting. Tratando-se de uma corrida organizada pelo Sporting Clube de Portugal, compreende-se, se bem que, haveria outras pessoas ligadas ao Sporting a quem brindar (ex.: Maurício do Vale, conhecido aficcionado, muito ligado ao “mundo dos toiros”).
P.S.: As nossas desculpas por este post um pouco longo, mas quisémos dar uma imagem com algum detalhe desta Arte que é a Festa Brava, uma vez que foi a minha primeira presença (juntamente com mais três meus co-blogger's) no renovado Campo Pequeno.

11 Comments:

  • At 2:45 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Miga,

    A Tertúlia Liberal em peso na festa brava.

    Pouco a acrescentar ao que escreves.

    Diria apenas que (i) ainda hoje me apetece dar uns calduços ao forcado dos Amadores de Portalegre que resolveu abraçar (e não pegar) o toiro e que (ii) as Sportinguistas presentes abrilhantavam a festa (algo que não verias com tanta profusão na cesta de pão, errrrr perdão, no estádio da Luz.

     
  • At 4:40 da tarde, Blogger José Pinto-Coelho said…

    Boa crónica do aficionado Miga! Só tenho dois ou três aspectoa a acrescentar se me é permitido:

    1. É de louvar a utilização das banderilhas "à espanhola" por parte do João Moura Jr. As banderilhas tradicionais continuam a ser uma verdadeira praga para os forcados e ésta época já vários acidentes de enorme gravidade ocorreram. O perigo da coreridas de toiros deveria advir tão e somente da sorte de caras frente ao toiro. No entanto, cada vez mais têm os forcados outra sorte para pegar: a sorte de sairem ilesos no que respeita às banderilhas, depois de consumada a pega.

    2. O curro de toiros saiu pesado e bem apresentado mas transmitiu muito pouco. E quando assim é o espectáculo é mais pobre. Dão-se alvíssaras aos toiros de antigamente e a raros curros actuais!

    3. Os Amadores de Portalegre tiveram uma noitre menos feliz, pegando à sétima tentativa o seu primeiro hastado, após dois avisos e já com os cabrestos (e não novilhos) em praça.

    Parabéns à crónica! Espalhe-se a festa de toiros pelo mundo fora! Sorte!

     
  • At 4:42 da tarde, Blogger José Pinto-Coelho said…

    Peço desculpa pelas gralhas mas isto de escrever ao correr da pena...

     
  • At 7:38 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Também eu estive lá, naquela que foi a minha estreia nestas andanças.

    Vou ser sincero, não fiquei um aficionado, mas percebi melhor o que é a tourada. É muito fácil formular críticas à tourada. Os argumentos andam sempre à volta do mesmo - mau trato dos animais.

    Como antes de criticar gosto de perceber, só tenho a dizer que ganhei mais respeito pela festa, pelos cavaleiros e ainda mais pelos forcados.

     
  • At 10:25 da tarde, Blogger Miga said…

    NMB,

    Obrigado, antes de mais, pela ajuda na elaboração desta crónica.

    Quanto às sportinguistas, sem dúvida que deram outra beleza à noite... vou deixar de lado a provocação clubística... direi que é mais uma particularidade das Corridas de Toiros.

    Paulo,

    Excelente comentário. Apesar de não teres ficado um aficcionado, como dizes, percebeste um pouco no que consiste a Festa Brava, nomeadamente a ideia errada, que muitos adoptam, de dizer que a Tourada se resume aos maus tratos, sofrimento, tortura dos toiros.

    José Pinto-Coelho,

    Obrigado pelo comentário e o elogio. Apesar de não andar no meio, já vejo Tourada há vários anos, sendo que já aprendi vários termos, alguns dos quais apliquei aqui.

    Muito boas as suas notas, nomeadamente a questão das banderilhas (vi há menos de um mês numa corrida televisionada um forcado ficar ferido numa vista).

    Por acaso ficámos com ideia que os touros se portaram bastante bem. Raramente ficaram nas tábuas, penso que todos foram francos nas investidas, causando, por fim, vida dificil aos 3 grupos de forcados. Não foi essa a sua opinião?

    Obrigado pelo esclarecimento sobre os cabrestos.

    No que podermos fazer certamente que tentaremos ir desenvolvendo esta Arte com um tradição tão bonita no nosso País!

     
  • At 8:29 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo e Tiroliro,

    Da tourada não sei, mas de algumas toureiras de bancada sei (de fonte segura) que ficaram momentaneamente aficcionados.

    José Pinto-Coelho,

    Tendo visto poucas touradas ultimamente, a generalidade das touradas a que tenho assistido nos últimos anos incluia sempre muitos mansos e/ou touros que nem depois do primeiro ferro se interessavam por demonstrar um assomo de bravura.

    Assim sendo, e recordando curros melhores em tempos que já lá vão (abençoada RTP Memória), nem os achei maus (sobretudo o primeiro).

    Aproveito a sua visita para lhe perguntar:

    1. Por que se aguarda para que seja deferida a utilização daquelas bandarilhas, em processo de concessão de patente, que apenas deixam um pequena peça de plástico coberta pelo papel colorido?

    2. Bandarilhas à espanhola, com que vantagens? Julgava que a grande diferença é que tinham mais um "ferrão" no final... (ao longe, apenas notei diferenças estéticas)

     
  • At 9:40 da manhã, Blogger Miga said…

    Antes de mais, uma correcção ao último parágrafo do meu comentário: onde escrevi "desenvolvendo", queria escrever "divulgando".

    NMB,

    Penso que uma das vantagens (talvez a principal) das banderilhas à espanhola é o facto delas ficarem tombadas (como que partem), o que reduz bastante o perigo de ferirem os forcados.

    Certamente que o José acrescentará mais motivos para esta mudança.

     
  • At 9:46 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Eu também fui um dos estreantes, e devo confessar que gostei mais do que esperava.
    O toureio a cavalo nunca me seduziu mas devo dizer que o achei uma arte, depois de presenciar ao vivo a corrida do meu Sporting.
    O que mais me fascinou na corrida, foram sem dúvida os toiros. Aqueles bichos assustam mesmo, apesar de estar na quinta fila da praça. Imagino em frente deles!
    Os forcados são realmente valentes e como já disse ao meu amigo Zé sao também completamente doidos.
    As toureiras da bancada, citando o NMB, não me surpreenderam pois em alvalade felizmente também pululam em número cada vez mais crescente. Já na Luz não sei como amigo Miga. :)

    Falando mais a sério, gostei muito da experiência e agradeço aos aficionados miga e nmb tudo o que me ensinaram na corrida.

     
  • At 10:11 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Miga,

    Certo, mas mantem-se o número e comprimento das farpas, certo?

    Tiroliro,

    Repara como - adequadamente e por pudor - o Paulo soube manter reserva quanta às toureiras de bancada...

     
  • At 12:01 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    eh, eh, eh ...

    Estás a referir-te às vacas leiteiras certo ?

     
  • At 10:54 da tarde, Blogger José Pinto-Coelho said…

    Rapaziada da Tertúlia Liberal,
    Venho convidá-los a estarem presentes no próximo dia 27, 5.ª feira, na Monumental do Campo Pequeno, pelas (penso eu) 22h00, na Corrida Nova Gente. Um cartel muito bem montado com os cavaleiros Rui Salvador, João Salgueiro e João Moura Caetano.
    Para pegar à unha lá estarão os Grupos de Forcados Amadores do Aposento da Moita e do Aposento da Chamusca (o meu Grupo). O curro de toiros é de Fernandes de Castro.

     

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