Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Rica pobreza

"Angola é um país rico, mas à maior parte da sua população parece faltar quase tudo, como água potável e acesso a médicos e medicamentos."
Tanto o título, como a frase transcrita, retirei de um excelente estudo da Revista Exame de Outubro passado sobre a actual situação de um dos maiores países do Continente Africano (15,7 milhões de pessoas): Angola.
Já não é de agora que esta problemática se levanta, de Angola ser um país rico, mas ao mesmo tempo também muito pobre. Com efeito, riquezas como petróleo, diamantes e pesca abundante, não se conseguem sobrepôr a 30 anos de violenta guerra civil por que Angola passou.
Um dos dados mais impressionantes que vi neste estudo é o facto de se estimar que existam entre 5 e 7 milhões (!) de minas por desactivar. Este facto impede que se melhorem as estradas e que a população se possa deslocar por todo o país, não ficando só em Luanda.
Não querendo alongar muito o post, deixo apenas mais uns números incrivéis que nos dão a ideia clara do muito que há ainda para fazer por este país:
- 60% da população não tem saneamento básico;
- 68% vive com menos de 2 dólares por dia;
- 30% das crianças entre os 5 e os 14 anos trabalham;
- taxa de desemprego de 70%;
- 1800 mulheres morrem por cada 100 mil partos;
entre muitos outros...
A terminar, uma frase que resume o que é Angola: "um país de contrastes".

9 Comments:

  • At 11:09 da manhã, Blogger Paulo Martins said…

    O grande problema dos países africanos passa sobretudo pela (não) implantação de regimes democráticos que consigam de forma controlada assegurar uma distribuição da riqueza mais equitativa pela sua população. De nada vale investir em infraestruturas, preparar legislação, atrair investimento estrangeiro, ... quando o Estado (leia-se meia dúzia de iluminados) controla e suga toda a riqueza do país (e toda a ajuda humanitária monetária proveniente da Europa).

    Vou terminar de forma polémica: a guerra através das Nações Unidas é a única forma de se poder implementar a Democracia e o respeito pelos Direitos Humanos (valores universais acima de qualquer cultura) em países como os africanos.

    Isto não vai lá com Cimeiras ...

     
  • At 8:08 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Miga,

    O retrato de Angola não é diferente do que se traçaria de 90% dos países da África sub-sahariana...

    África tem dois problemas: má divisão das fronteiras e presença tribal muito forte. Com o fim do tribalismo e do seguidismo que este encerra, finda a guerra e começa a necessidade de providenciar crescimento e formas de sobrevivência.

    Paulo,

    Só se reformares a ONU. Com mais de 30 anos e ainda queres mudar o mundo?

     
  • At 9:25 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    É verdade. É caso para dizer "I have a dream".

     
  • At 10:37 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Meus caros
    O retrato de Angola poderia realmente ser de qualquer outro país da África não magrebina exceptuando como é evidente a África do Sul (em que o regime vigente até há poucos vigente não será alheio).
    O problema é que nós europeus resolvemos tudo com dinheiro. Ora dar dinheiro a déspotas, corruptos, que não têm qualquer noção do que é governar, não ajuda em nada.
    Num estudo recentemente realizado, ouvi que apenas 10% da ajuda monetária chega às populações.
    Existe um fosso civilizacional evidente. Os direitos humanos que esses senhores conhecem são apenas os relativos às suas contas bancárias na Suiça.

     
  • At 10:13 da manhã, Blogger Miga said…

    Têm razão, meus caros. Eu referi o caso de Angola, com base na reportagem que li, mas é um exemplo (mau) do que se passa praticamente em todo o Continente, infelizmente.

    De facto, esse dado que que referiste, Tiroliro, é também impressionante: só 10% da ajuda monetária chega às populações... Isso ajuda a explicar a riqueza que ostentam os governantes (Presidentes), como José Eduardo dos Santos ou Mugabe.

    Concordo contigo, Paulo, quando dizes que isto não vai lá com Cimeiras... soa sempre a "fachada" quando os problemas têm que se resolver no terreno. Não acho que a Guerra fosse a solução ideal, pois isso massacraria ainda mais a população...

     
  • At 10:41 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Miga e NMB,
    Fiquei sem perceber. Então que solução propõem, diplomacia, via militar, outra? Ou acham a questão uma espécie de nó gordio ou de quadratura do círculo e mais vale deixar tudo como está (em prejuízo directo da população)?

    PS-a solução do tiroliro percebe-se na seguinte passagem "exceptuando como é evidente a África do Sul (em que o regime vigente até há poucos anos vigente não será alheio)".

     
  • At 5:26 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    Não tens manpower para ensinar civilização à África inteira. Podes apenas esperar que eles se vão lentamente conscencializando dos seus direitos políticos e papel no mundo.

    Independentemente da impossibilidade de facto de que falo acima, seria juridicamente impossível fazê-lo por recurso à ONU.

     
  • At 5:39 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Respondendo ao Paulo, deixo uma pergunta no ar:

    - porque será que a África do Sul está num patamar diferente?

    - porque será que os líderes africanos estão menos preocupados com as suas populações que os europeus?

    Termino dizendo ´" I had a dream"

     
  • At 10:54 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Não se pretende ensinar civilização à África inteira, até porque o conceito de civilização é muito subjectivo e encerra muitas vezes preconceitos culturais.

    Pretende-se apenas que os direitos humanos sejam respeitados nesses países, o que passa por uma política muito mais próxima do que a simples ajuda monetária que tem sido praticada nas últimas décadas.

    Convenhamos que a muitos países (ditos) desenvolvidos não interessa muito essa mudança, isto é, não são só os grandes líderes dos países africanos que se aproveitam da situação actual em África.

     

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