Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

quarta-feira, janeiro 02, 2008




Qual a diferença entre literatura light e a non-light ?

Encontro-me a ler (a terminar), como muitos outros portugueses, a avaliar pelos tops de vendas, o último romance de Miguel Sousa Tavares "Rio das flores". O livro é um romance histórico ou uma História romanceada. O autor pela necessidade extrema (às vezes absurda) de fornecer informações históricas ao leitor (o romance abarca a História Portuguesa, Espanhola, Brasileira e, mais genericamente Mundial, através das passagens pelo nazismo alemão, fascismo italiano e ditadura estalinista, durante o largo período do início do século XX até ao final da segunda guerra mundial) acaba por secundarizar aquilo que deveria ser o mais importante num romance (mesmo que histórico), ou seja, o romance. As personagens perdem força e vigor no esquema escolhido pelo autor. São opções do autor. Em conclusão, não é brilhante, longe disso, mas também não é um mau livro como refere Vasco Pulido Valente, que aliás apelida, frequentemente, o autor de escritor light.

O que é literatura light ? Um romance histórico de 600 páginas (ainda que com alguns erros de pesquisa descobertos pelo olho clínico de VPV) é light? Estou a ler também um livro de VPV ("A revolução liberal - Os devoristas") e, é verdade, as páginas custam mais a passar. Tudo tem que ser mais mastigado. Tudo tem que ser relido, ou pelo menos, lido devagar. Lêem-se 5 para 30 páginas numa escala de esforço nos dois livros. Pode equiparar-se MST a Margarida Rebelo Pinto? O conceito light resulta do tema tratado na obra ou da forma como o tema é tratado? Por outro lado, tudo o que vende muito, ainda que bem tratado o tema, é necessariamente light porque o povo é estúpido e ignorante ? Todos os best sellers são light?

Bom ano de 2008 para todos!

9 Comments:

  • At 9:52 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    Talvez porque ele se leva demasiado a sério, não tenho grande apreço pelas qualidades literárias de Miguel Sousa Tavares.

    A distinção entre uma coisa e outra é puramente pessoal, mas da mesma forma como não considero os livros de Jeffrey Archer obras literárias (ele é mais um storyteller do que um escritor), não tenho Miguel Sousa Tavares por escritor.

    Não é literatura light: são umas histórias que se lêem com mais ou menos prazer. Para já, com mais prazer do que as crónicas do bicho n'A Bola.

     
  • At 12:37 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Li o "Equador". Posso dizer que gostei. Pelo menos, lembro-me que o li com agrado e relativamente depressa.

    Comprei "Rio das Flores". Li. Comparando com o "Equador" perdeu força, deixei-o "repousar" alguns dias; senti uma confusão histórica, ou melhor, uma vontade de referir múltiplos e variados episódios históricos. E mesmo eu consegui notar incongruências.

    Vou concerteza pensar antes de comprar e, portanto, vir a ler um próximo livro que ele publique. Não será "light" mas um pseudo-histórico ou um "light" tipo intelectual.

    VPV è diferente. Lê-se devagar porque tem de ser assimilado. É a História pura e dura com os seus pormenores. O Último "Pró Maneta" é disso um bom exemplo. Lê-se com agrado mas é preciso gostar de História e de factos históricos.

     
  • At 3:02 da tarde, Blogger CNM said…

    Se me permitem, e bem sabendo que fujo um pouco ao tema principal do post, a polémica entre os dois autores referidos advém unicamente da falta de humildade de cada um.

    Vi e ouvi uma entrevista do escritor Lobo Antunes à SIC notícias, que, quando questionado a propósito da sobredita polémica e estilos literários de MST e VPV, respondeu - com inteligência e sabedoria - que não era a sua literatura. Não foram estas as palavras exactas, mas era esta a ideia. E não, não foi com sobranceria.

    Quanto à literatura light, pode ser que pelo menos sirva para alterar os (parcos) hábitos de leitura dos portugueses...

     
  • At 3:55 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    CNM,

    Não foi o Lobo Antunes que clamou que ninguém escrevia tão bem quanto ele...?

    Se foi, mau arauto...

     
  • At 3:56 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    MAB,

    A postura intelectual de um e de outra é - ainda que, porventura, merecida - profundamente irritante.

    Ainda assim, reconheço mérito a VPV.

     
  • At 5:37 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Excelente post Paulo.
    O meu cunho pessoal, contudo, sobre este tema é reduzido porque leio sobretudo a designada leitura "light".
    Não tenho pachorra para obras emasiado elaboradas. Será um defeito, mas aqui fica a confissão.
    Nesse contexto, consigo ler MST e não consigo ler VPV. Não morro de amores por nenhuma das figuras, pois ainda que ache piada ao estilo arrogante de ambos, acho que lhes falta educação em muito do que dizem.
    Quanto ao conflito VPV/MST teve, sobretudo, o condão de levar muitos portugueses a comprar o livro, que não fariam senão existisse tal polémica.

     
  • At 5:56 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    MAB,
    Vejo que concordamos na análise ao "Rio das Flores". O livro que estou a ler de VPV é muito bom (recomendo), é realmente preciso gostar de História para o ler.

    Apesar das incongruências encontradas, pareceu-me desadequada e excessiva a crítica feroz de VPV à obra de MST, principalmente tendo em conta a realidade cultural do nosso país e à qualidade do que todos os anos se publica. Crítica feroz que já tinha sido lançada após a publicação do (bom) romance "Equador". A exigência quando destemperada de bom senso ...

    Mais, temo que o único critério vigente nalguns círculos (auto-denominados) intelectuais em Portugal para avaliar uma obra seja a da sua extrema complexidade aliada, de preferência, ao pouco sucesso de vendas junto do público, pois quem vende muito é light e não tem qualidade!

    Querem obras mais simples que as do grande Eça de Queiroz, Anton Tcheckov, etc. ?

     
  • At 10:23 da manhã, Blogger Miga said…

    Excelente post, Paulo.

    Infelizmente não sou leitor assíduo de livros (defeito que assumo), não porque não goste de ler, mas porque me disperso por várias outras coisas, como ler revistas de actualidade ou de temas económicos. Isto para além, claro, de programas televisos (documentários, debates). Sobra-me, portanto, pouco ou nenhum tempo para leitura.

    Quanto à leitura light e non-light, acho que tem a ver com uma escrita mais fluida e mais descritiva que terá a light, e uma mais "maçuda" e pormenorizada que terá a non-light. Não considero nada (nem por sombras) que sejam comparados os livros do MST e da Margarida... Neste caso acho que esta literatura seria considerada "muito light", sendo as obras do MST light e do VPV non-light.

    Concordo contigo com a crítica pouco "justa" de VPV a MST, nomeadamente sobre o livro Equador (best seller de qualidade reconhecida por muitos milhares de pessoas). Deu ideia de uma "guerrinha" antiga e de uma certa... dor de cotovelo.

     
  • At 6:52 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    MST tem-se revelado «indignado e magoado» com os factos descritos neste blog. Vai mais longe, manda «bardamerda» e ameaça com «paulada e tribunais» (vg 24Horas de 24 Outubro 2006 pág. 8).
    O que MST ainda não fez foi explicar a cópia.
    Como é seu timbre, ameaça, insulta, e refugia-se na condição de «vítima do anonimato da net». (Contam-se pelos dedos os blogs com autores devidamente identificados).
    Os autores deste blog não têm medo de MST nem do que aqui está publicado. MST não é insultado nem difamado neste blog. É confrontado com factos. No dia em que MST explicar de forma explícita (não a nós, mas aos seus leitores) a cópia que fez, os autores deste blog apresentar-se-ão voluntária e ordeiramente à sua porta para receberem as prometidas «pauladas».

     

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