Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

quarta-feira, março 14, 2007

Como lidar com o passado incómodo ?

A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), a propósito da apresentação do projecto do “Museu Salazar” em Santa Comba Dão afirma: “é uma afronta directa aos ideais da democracia e ao acto do 25 de Abril, é preciso, imperioso e urgente afirmar os ideais antifascistas em Santa Comba Dão e em todo o país e travar mais esta tentativa de branqueamento do fascismo e de degradação do regime democrático”.

Na Alemanha, Adolf Hitler, mais de 60 anos após a sua morte, está prestes a perder a cidadania alemã. A deputada da Baixa-Saxónia apresentou uma proposta nesse sentido e afirma: "é um passo simbólico é a única forma de a cidade de Braunschweig ultrapassar o complexo por ter sido responsável pela naturalização do ditador”.
Sendo um adepto da democracia e repudiando qualquer tipo de ditadura, não me parece que esta seja a melhor forma de lidar com a História.

12 Comments:

  • At 11:58 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Nada como branquear a história...

     
  • At 3:19 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    A História de um povo, tal como a história pessoal de cada um de nós existe.
    Tal como a nossa, não nos podemos orgulhar de tudo o que fizemos no passado. Tivemos bons momentos e momentos menos bons, todos eles são nossos.
    A grande vantagem dos erros é que são formas de aprendizagem.
    É quando erramos e que nos sentimos menos ‘gloriosos’ que percebemos que ‘a coisa deu para a asneira’.
    O grande salto enquanto pessoas, e enquanto povo, é assumirmos os erros como oportunidades de melhoria, racionalizá-los e integrá-los, sem complexos, enquanto seres pensantes e não com a tacanhez de ignorar o errado, fingir que não aconteceu e em cima repudiar.
    Enquanto um povo não assumir os seus erros e excessos, não vai em frente, continua agarrado a um passado menos bom, logo torna-se também ‘menos bom’.
    Museu significa o local em que as musas transmitem inspiração, porque faça-se dos Museus locais pedagógicos e mostrem as duas versões da História.
    A bem de Portugal e da Humanidade.

     
  • At 10:26 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O que se passou em Portugal e na Alemanha não foi um simples erro.
    Foi muito mais do que isso. Penso que não há palavras para descrever as atrocidades, as violações dos direitos humanos...
    Concordo, porém, que a História nunca se apaga e deve ser apresentada a todas as gerações sem quaisquer floreados ou omissões.

    "Pinguim dos Trópicos"

     
  • At 9:58 da manhã, Blogger Miga said…

    Esta reacção da URAP em Santa Comba Dão foi exclusivamente em protesto com o projecto do "Museu Salazar", e não, por exemplo, para retirarem todas as referências sobre Salazar dos livros de História. Não estarão a querer apagar esta parte da nossa História, mas contra a dar ênfase ou importância a um ex-ditador, através da criação de um Museu com o seu nome.

    No entanto, penso que acabam por dar ênfase com esta reacção, ao mostrarem-se incomodados ou irritados com o tal Projecto.

    A nossa História não deve ser omitida, mesmo o seu lado mais negro. Pelo contrário, deve ser mostrada claramente, sendo que o Museu seria mais um contributo para a nossa Cultura e, mais concretamente, das crianças.

     
  • At 11:03 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Pinguim,
    Espero, por uma questão de coerência, que tenhas a mesma opinião quando falarmos de outros ditadores igualmente violadores dos direitos humanos (ex: Estaline).

    Miga,
    Os museus são verdadeiros livros de História, alguns deles bem melhor que muitos livros de história que por aí circulam nas nossas escolas ...

    Todos,
    Não estaríamos nós com a nossa História bem mais viva e presente num regime monárquico (de tipo semelhante à da nossa vizinha Espanha) em vez de um regime republicano?

     
  • At 12:44 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 12:54 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    A história é escrita por homens que denotam as suas tendências, nem sempre isentas, na apreciação de meros factos.
    Posto isto, não branqueio seja o que for, mas também não sou membro de qualquer grupo de pressão judeu que domina os media norte americanos e o cinema que retrata e retrata sempre o mesmo.
    Como diz o Paulo, será que a esquerdinha sabe quantos mortos causou Estaline na antiga união soviética? Infelizmente os assassinados e as suas famílias não constituem grupos de pressão que possam fazer filmes e dominar jornais.
    O que não se fala não existe. Infelizmente é esta a grande lição dos nossos tempos.
    Tenho tanta pena dos judeus como dos soviéticos que morreram às mãos do estaline. Não existe graduação de valor quando nos referimos ao valor vida.
    Desculpem-me a extensão, mas gosto muito do tema.
    Quanto ao museu, acho vergonhosas as reacções, mas temos de viver com elas. Hoje foi notícia que ia ser pintado um mural anti fascista na faculdade de letras de Lisboa, onde recordo, se ensina história de Portugal. Com isto está tudo dito, não acham?
    Parabéns pelo post Paulo.

     
  • At 8:29 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Pirata Verde,

    Concordo com a maioria do que diz, mas entendo que a história apenas tem um lado, uma versão: a completa e verdadeira.

    É essa que deve constar do Museu.

    PdT,

    Em Portugal, na Alemanha, em Espanha, como em "n" países do Leste Europeu, na esmagadora maioria da Ásia, ainda hoje (resquícios) no Médio Oriente e em toda a África Negra.

    Conveniente não esquecer que os direitos humanos não comportam perspectiva política...

    Miga,

    Para mim e para os meus, o lado mais negro foi o PREC e a descolonização que desapossou muitos portugueses do que haviam trabalhado para ter.

    Ah! E a primeira república também não foi brilhante.

    Até agora, o saldo de mais de cem anos de república consiste em 38 anos de ditadura de direita, mais 4 de anarquia com laivos autoritários de esquerda, 16 anos de caos social e anti-clerical (e urbano, bem se vê) e 26 anos de equilíbrio fortemente patrocinado por Bruxelas, a bem da inteligenzia urbana e para grande mal dos infortunados que dependem dos sectores primário e secundário...

    Paulo,

    Se com base no resumo que antecede me vierem com a superioridade moral e democrática da república...

    De notar que a monarquia, conceito político que entendo defensável e - neste momento histórico (ainda mais) - preferível, implica uma multidão de "benzocas" sem competência. A rever, se se cumular com o aparatchnik dos actuais partidos...

    Tiroliro,

    Curioso que o problema não se ponha a propósito da Fundação Mário Soares, do Museu República e Resistência e de outras instituições mais... in!

     
  • At 10:42 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Paulo Martins,
    A minha posição seria igual se estivessemos a falar de Estaline, Mao ou outro.

    NMB,
    Na minha opinião, os ditadores de hoje, embora igualmente condenáveis, não se podem comparar aos ditadores do séc. XX, o qual, aliás, eu designaria como o Século da Ditadura.
    É minha esperança que o que se passou nesses tempos, não se volte a repetir, pelo menos, em tão larga escala.

    "Pinguim dos Trópicos"

     
  • At 3:31 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    NMB,
    Não vejo a história como uma ciência exacta. Seria bom que fosse, ... mas não só é impossível encontrar a verdade absoluta dos factos, como também é impossível a completa neutralidade do próprio historiador.

    Não acho que um regime monárquico moderno possa implicar necessariamente "uma multidão de benzocas sem competência". A mudança de regime passaria pela representação do Estado, todos nós concordamos que o papel do Presidente da República é quase vazio ...

    Pinguim,
    Aplausos!

     
  • At 3:45 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    Ainda não esqueci aquele nosso Colega de faculdade, mais tarde bem sucedido na política, que afanosamente nos falou do papel social da monarquia na ocupação da nobreza empobrecida.

    Aliás, para ir às lágrimas é só recordar a célebre apologia do "trincheiro real" (no referido enquadramento).

     
  • At 7:39 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Concordo com o post inicial, sem sombra de dúvida.
    A história é isso mesmo. E temos que lidar com ela, seja boa seja má; ainda que possam haver diversos pontos de vista sobre o bom e o mau.
    Senão qualquer dia estamos a apagar dos anais da história, Alexandre o Grande, Gengis Khan, os Faraós egípcios... até, quem sabe, o D. Afonso Henriques, esse grande malandro que batia na mãe...
    Haja coerência!!

     

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