Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

terça-feira, março 20, 2007

São loucos estes gauleses?

Estava escrito que com Portas nada ficaria igual... E não ficou.

Dois anos volvidos, Portas decide assumir a sua vontade de dirigir o Partido que refundou, destarte às claras. Como é timbre da democracia (e aliás é aparentemente permitido pelos estatutos do partido em apreço): (i) quem está momentaneamente no poder não prescinde da vantagem que o mesmo lhe concede para a manutenção da liderança e (ii) convocado o Conselho Nacional para deliberar sobre a marcação de Congresso, era sobre isso que incidiriam os trabalhos (por muito que tantos se esforçassem em sentido diverso).

Formalista? Manobra de secretaria? Não me parece. Foram regras, bem ou mal interpretadas mas polidamente defendidas.

O que se assistiu (ante) ontem (e que ninguém - dos bem informados - hesita em imputar a Paulo Portas e/ou aos respectivos seguidores) é uma vergonha. Uma vergonha para Portas, uma vergonha para Telmo Correia, também para Ribeiro e Castro e acredito que para M. José Nogueira Pinto. Uma vergonha para a multidão de queques que se insultavam mutuamente. Sobretudo, é uma vergonha para a nossa democracia e, muito em particular, para a direita que se quer ordeira, democrata e respeitadora.

Será Portas pessoalmente responsável? Terá Ribeiro e Castro extremado posições e dado causa ao sucedido? Não sei. O que sei é que não vi Portas demarcar-se do sucedido (erro porventura meu). O que sei é que ouvi falar em insultos e agressões dentro da sala. O que sei, é que M. José Nogueira Pinto - pessoa que não admiro por aí além, mas que tenho por séria - se explicou (e bem!) e aventou a hipótese de sair da política.

Tínhamos razão quando aqui escrevemos que, com Portas, nada ficaria igual. Tínhamos razão quando aqui escrevemos que não tínhamos esquecido o que se tinha passado nos últimos dois anos. Lamentavelmente, tínhamos razão... Não me peçam é para estabelecer culpados...

(PS - Retomando a frase da dupla que produziu a saga Asterix: "Peixe?!? Quem é que falou em peixe?")

13 Comments:

  • At 11:11 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Concordo que o que se passou no passado fim-de-semana em Óbidos foi uma verdadeira vergonha.

    Sinceramente tenho dificuldade em apontar os culpados. Do que saiu cá para fora, Portas teve a maioria do Conselho Nacional (60%)quando as propostas foram a votação e o Conselho de Jurisdição do partido admitiu a possibilidade de directas já (com ratificação posterior pelo congresso).

    Relembro que antes das directas do PS Soares, Alegre e Sócrates também andavam todos à batatada. Ás vezes é preciso arrumar a casa para depois trabalhar com serenidade ...

     
  • At 11:57 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    E chamarias a isto arrumar a casa? Ou esvaziar a casa aos gritos e à bofetada?

    (once again, com base no que veio a público)

     
  • At 4:56 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

     
  • At 6:09 da tarde, Blogger Paulo Martins said…

    Acho que só os presentes sabem exactamente o que se passou. Independetemente de quem tenha razão, repito "foi uma verdadeira vergonha".

    Já começam os primeiros desmentidos:

    "O deputado do CDS-PP Hélder Amaral ameaça processar judicialmente Maria José Nogueira Pinto. O parlamentar eleito pelo círculo de Viseu exige um pedido de desculpas da presidente do Conselho Nacional que esta segunda-feira o acusou de agressões físicas. Hélder Amaral diz que se trata de uma acusação falsa e demagógica."

     
  • At 2:35 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Somos unânimes na condenação do que se passou no domingo.
    Falando de coisas sérias, penso o seguinte:
    1)A verificar-se a saída da Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, lamento que um partido pequeno continue a afastar pessoas que podem ser válidas para o futuro do CDS. São guerras mesquinhas e desnecessárias;
    2) Não analiso a questão da legalidade das propostas ou das decisões da Mesa com leviandade, até porque não estudei os Estatutos ou os Regulamentos Internos;
    3) Sugiro que, partindo do princípio que ambas as propostas podem ter acolhimento em termos estatutários, se faça o seguinte raciocínio:
    - o Dr. Castro (ex vice presidente de vale e azevedo)está a ser um verdadeiro líder do Partido? Está a fazer oposição ao Eng.º Sócrates? É o líder que, os militantes e as bases do CDS, pretendem que continue a liderar o partido?
    A resposta é apenas uma: NÃO.
    As questões formais são importantes quando, em termos substanciais, sabemos que não temos qualquer razão. Custa-me sinceramente ver a Dr.ª Maria José Nogueira Pinto defender uma solução que sabe não ser a melhor para o partido e para o país.

     
  • At 5:43 da tarde, Blogger Miga said…

    Fiquei também surpreendido com a "peixeirada" que se gerou no final do Conselho Nacional do CDS-PP, que foi possível ver e ouvir na comunicação social.

    Saudámos o regresso do Portas, como já comentámos num post anterior, mas a maneira como quer impor esse regresso é que é discutível. Penso que é legítimo que quem está na direcção se sinta "empurrada" de lá. Aliás, como Ribeiro e Castro disse, a direcção do CDS não é contra as directas, agora não é "à pressão" que se faz essa alteração.

    Quanto à Maria José Nogueira Pinto, anda em maré de azar. Depois da saída da Câmara de Lisboa, em colisão com o Carmona, agora sucede isto no Conselho Nacional do PP, do qual é Presidente.

    Finalmente, Tiroliro007, essa referência ao Ribeiro e Castro como sendo "ex-vice do Vale e Azevedo" foi mázinha...

     
  • At 5:51 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Amigos
    Ontem, o Dr. Lobo Xavier defendeu uma solução de compromisso que revela extremo bom senso, que tem faltado às partes envolvidas.
    Resumindo o que ele disse, que subscrevo totalmente:
    Não deixando de criticar o Dr. Castro, que tendo 2/3 do Conselho contra ele, deveria, numa atitude digna, apresentar a demissão, defendeu que o Dr. Paulo Portas devia aceitar o Congresso e sujeitar-se às decisões e votações do mesmo, sob pena de mais divisões dentro do partido que são prejudiciais e estéreis.
    Espero que as partes envolvidas o tenham ouvido e se deixem de mais peixaradas. Apesar de ser um admirador confesso do Dr. Paulo Portas, ele não pode cada vez que chega ao partido escorraçar o anterior líder.

     
  • At 6:15 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Concordo que falta algum savoir faire ao Dr. Portas (que aliás referi em anterior post), mas há que notar 2 aspectos:

    - o C. Jurisdição do Partido concluiu pela possibilidade jurídica das directas (o Dr. Lobo Xavier também mencionou que por isso não se podia falar em "assalto ao poder" por parte do Dr. Portas); e

    - o líder do partido tem contra ele 2/3 do órgão máximo do partido.

     
  • At 9:53 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Tiroliro e Paulo,

    Vocês estão na base do "ele bateu primeiro" quando, ao invés, deveriam pensar o que é melhor para o CDS-PP (perspectiva de militante que não sou).

    Ribeiro e Castro não é, seguramente, parte da solução do CDS-PP. Mas foi eleito para quatro anos, deu há um ano uma hipótese a Paulo Portas para saír debaixo das pedras e candidatar-se, e tem um grupo de meninos a prejudicar a sua prestação e, com isso, o partido a que todos pertencem.

    Tem de perceber que o mundo - e o CDS-PP - não giram à sua volta e que, quando eleito, a Ribeiro e Castro não cabia o papel de suplente utilizado para queimar tempo de descontos.

    Parece-me, de facto, ser um traço de carácter.

     
  • At 11:26 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Admito que existe um grupo de meninos arruaceiros e mal comportados dentro do partido que só prejudicam o mesmo.

    Agora isso não é, nem deve ser, desculpa para um líder que é muito fraquinho. Relembro que uma das funções (se calhar a mais importante) de um líder é unificar o seu partido. O Sr. Ribeiro e Castro nem sequer abdicou do seu cargo de deputado no Parlamento Europeu (metade da semana estava em Bruxelas). Passados 2 anos o órgão máximo do partido (presidido pela MJNP) está maioritariamente contra ele. Algo está errado também nesta liderança ...

    Uma coisa tenho a certeza, o melhor para o CDS é a clarificação e isso só é feito com eleições internas. Venham elas, directas ou congresso.

     
  • At 12:37 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Caro Nuno
    Acho que não me fiz entender e portanto resumidamente a minha posição é a seguinte:
    1) quero o melhor para o partido e para o país (estamos todos de acordo que não é o dr. castro)
    2)Considerando que 2/3 do conselho estão contra o Dr. Castro, restava-lhe dignamente apresentar a demissão. Eu faria assim porque sou filho de boa gente;
    3) Não quero eleições ou congressos à força. Devem fazer-se na estrita medida dos regulamentos e dos estatutos. Contrariamente a ti Nuno eu não os estudei para me pronunciar em termos públicos sobre essa matéria.
    4) A solução para mim, sem birras (que concordo existirem do lado de alguns dos apaniguados do Dr. Portas), devia ser a aceitação do Congresso e dos resultados do mesmo.
    Acho que não estou a falar de quem bateu primeiro.

     
  • At 5:27 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Paulo,

    Fraca figura, é certo, mas como aqui se disse validamente eleita e reeleita.

    Fará sentido deixar a sensação que não se respeitam mandatos e que todos estão a prazo enquanto Paulo Portas o permitir?

    Sendo idêntica a opinião, parece-me que Portas deve ser castigado pela forma como conduziu as coisas.

    Tiroliro,

    Não te zangues, pah!

    Eu não me candidataria sequer, muito menos permaneceria num sítio onde, independentemente da percentagem no CN, as relações humanas e fidelidades políticas fossem tão ténues.

    Daí (também) que eu e tu façamos pela vida, longe dos palcos e destes holofotes...

    Faça-se o congresso mas, garantidamente, não votarei num Portas que manifesta tão fraca noção de responsabilidade e solidariedade políticas...

     
  • At 7:22 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    NMB,

    Deixa-me só que te lembre que a democracia implica igualmente a aceitação da vontade de mudar de quem é representado (em congresso, em directas, no conselho nacional, ...), concordes ou não com o representante.

    E que o respeito pela duração dos mandatos não é, nem pode ser, um princípio absoluto em democracia, principalmente quando as coisas não estão a correr bem, o que manifestamente era o que estava a suceder e ninguém pode negar.

     

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