Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

domingo, abril 08, 2007

Começando pelo segundo cartaz (até porque já está em fase avançada de degradação), ao contrário do que muitos arautos da democracia vieram defender, esse cartaz não apela à xenofobia e manifesta uma opinião que muitos políticos (democratas) da direita, centro e esquerda já expressaram e com a qual muitos portugueses concordam: a imigração deve obedecer a regras, ex: faz sentido que um imigrante possa permanecer no país de acolhimento após a prática reiterada de crimes nesse mesmo país ? Isto é ser xenófobo ? Não.


Em relação ao cartaz dos "Gatos", que sou admirador confesso desde os tempos do "Perfeito Anormal", julgo também não ser passível de crítica. Fazer humorismo implica aceitar a liberdade de expressão. Quem não se lembra das caricaturas de maomé dos jornalistas dinamarqueses ?

13 Comments:

  • At 11:17 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    O primeiro cartaz não merece o meu assentimento ou concordância porque expressa - objectivamente - ideias que não propugno.

    Que os estrangeiros que aqui residem (como os filhos destes) deveriam ser devolvidos à procedência à segunda condenação por crime grave (leia-se, punível com pena de prisão), parece-me claro e democrático (é só ver o caso dos EUA).

    Que sejam feitas afirmações genéricas sobre a sua presença cá, para mais na sequência do resultado de um mero concurso televisivo, já me parece perigoso.

    O problema é, contudo, a constituição. É a nossa democrática, progressista e socialista constituição que proíbe movimentos de extrema direita, confia a vigilância deste preceito a um Tribunal cujos membros são nomeados por partidos políticos e impede a forma institucional monárquica (colocando-a como limite material de revisão).

    Inexistindo opções, como afirmar a democracia e aceitar a opinião de cada cidadão?

    Quanto ao cartaz dos "Gato Fedorento", confesso que - não sendo criticável a postura que enquanto cidadãos entenderam ter - já parecem achar-se donos da verdade.

    Se a mim me serve para dar alguma boa disposição, a outros (aos próprios) poderá dar a sensação de que têm uma aura que nunca foi sua.

    E isso era uma perda para todos...

     
  • At 10:49 da manhã, Blogger tiroliro007 said…

    Quanto à questão de fundo, totalmente de acordo quanto a um enquadramento legal da imigração. Penso que somente nesse aspecto o cartaz do PNR poderá ter alguma utilidade.
    Quanto aos gatos, para assumirem posições políticas, falta-lhes algo que para mim é essencial - credibilidade.
    Fiquem no vosso cantinho do humor, que por vezes até resulta, e deixem-se de posições políticas. Para mim o humor deve ter limites e assumo que caricaturar sempre os mesmos assuntos e os mesmos partidos, revela antes demais falta de isenção política, ainda para mais num canal de serviço público como a RTP1.
    Confesso que não vejo o programa, hà uns meses,e que me vou rindo com alguns dos exemplares do youtube que vou recebendo. A genial imitação do Marcelo poderá ter contribuído em muito para a vitória do sim, no referendo do aborto.

     
  • At 1:11 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Paulo, vamos lá ser sérios: o cartaz não diz nada que "a imigração deve obedecer a regras"; diz "basta de imigração / Nacionalismo é solução" e ainda deseja boa viagem aos imigrantes. Se isto não é apelar à xenofobia anda pelo menos lá perto.
    Quanto aos Gato acho que foi acima de tudo um acto de grande coragem (as ameaças, de resto, já começaram) e não vejo qual o problema em haver humoristas (gostar ou não do programa é um pormenor irrelevante e que não tem nada a ver com a discussão) que se manifestem politicamente. Dizer que a imitação do Marcelo pode ter contribuído para a vitória do SIM no referendo sobre o Aborto não passa de especulação, obviamente, mas se de facto assim foi, não vejo qual o problema. Por acaso, até acho que foi o próprio Marcelo, com aquela série de vídeos patetas e absolutamente inúteis, que mais contribuiu para a derrota do Não.

    Abraços.

     
  • At 2:56 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Caro Ricardo,
    1. A entidade com poderes para se pronunciar sobre essa matéria (PGR)disse claramente que o cartaz não tinha cariz criminoso e não era um incitamento à xenofobia. Foi o mero exercício da liberdade de expressão, concorde-se ou não.
    2. Quanto aos gatos serem corajosos, realmente é de gargalhada. O que eles fizeram corresponde à maioria do pensamento dos portugueses e portanto, antes de mais, é popularucho e cai bem na pseudo democracia em que vivemos.
    Quanto às ameaças, condeno-as como é evidente, mas tanto como condeno as que foram feitas à Carolina Salgado.
    3. Repito, que o papel dos comediantes não é fazer política ainda para mais com o dinheiro de todos os contribuintes no canal 1 da RTP.

     
  • At 3:39 da tarde, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Tiroliro,

    Por muito que ganhem a vida a fazer graçolas, os GF não perdem os seus direitos de cidadania...

    Querem intervir e têm todo o direito a fazer uso da sua imagem como entenderem. Acho é que não deveria ser essa a sua preocupação...

     
  • At 4:04 da tarde, Blogger Ricardo said…

    A PGR pode pronunciar-se sobre o que quiser, que eu não deixo de ter a minha opinião. De resto, o meu comentário era mais em resposta ao que o Paulo dizia ser um cartaz que apenas defende que "a imigração deve obedecer a regras", quando, claramente, não o é.
    Quanto à medida "popularucha" dos Gato, fico feliz por ela, por enquanto, ainda corresponder à maioria do pensamento da população portuguesa. Mal seria se assim não fosse. Qualquer dia alguém se lembra também que "Lisboa é para os de Lisboa", "Évora é para os de Évora" ou "Albufeira é para os de Albufeira"...

     
  • At 4:08 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Caro NMB
    Não estamos a falar de direitos. Não coloquei a questão nesse plano.
    Continuarei a rir-me com as atitudes palermas e patetas do RAP e do JDQ.
    Mas acho que esses senhores com o excesso de publicidade (confesso que estou farto dos spots da PT) e de intervenção cívica apenas buscam um protagonismo que os pode prejudicar e que não vejo com bons olhos.
    É apenas a minha visão, no exercício da minha liberdade de expressão.

     
  • At 6:29 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    O cartaz do PNR (enquanto publicidade) não é diferente do de outros partidos, ex: o cartaz do BE com mulheres a chorarem atrás de grades de uma prisão quando nenhuma foi presa, cartazes do PS/PCP/BE a gozarem (e bem!) de forma atentatória com Santana Lopes, ...

    Podes ter a tua opinião, mas não podes ignorar a posição formal das instituições democráticas do teu país. Faz parte da democracia Ricardo!

    Quanto ao pensamento maioritário dos portugueses, tenho dúvidas. Lembras-te das reacções em cadeia pós "arrastão" nas praias da linha ? Não é politicamente correcto afirmá-lo, mas isso é outra conversa ...

    Tiroliro

    O humorista deve poder gozar com a política, com os políticos, com tudo ... Aí os Gatos, apesar de serem claramente de esquerda (à excepção do JDQ) e de terem alvos preferidos, já criticaram quase todos, ex: sócrates, sindicalistas, ...

     
  • At 7:18 da tarde, Blogger tiroliro007 said…

    Não me vou estender sobre a questão dos limites à liberdade de expressão no humor.
    Creio apenas que, além de não deverem focar questões de natureza política, também o não devem fazer sobre questões de natureza religiosa.
    A patetice das caricaturas de maomé é apenas mais um exemplo infeliz que podia ter sido evitado.

     
  • At 1:59 da manhã, Blogger CNM said…

    Concordo com o NMB quanto ao perigo das afirmações genéricas sobre a presença dos estrangeiros em Portugal.

    Acresce que tomar a parte pelo todo é sempre contraproducente. Afinal, não farão eles o trabalho que os Portugueses, muitas vezes com muito menos qualificações, consideram trabalho menor? E um país pode viver sem esse trabalho alegadamente menor? Não me parece.

    Com isto não defendo que sejamos absolutamente permissivos na entrada desregrada de estrangeiros que não temos, de todo, condições para acolher.

    Quanto aos gatos, com o tempo certamente aprenderão que responder à letra a uma provocação nem sempre é a atitude mais inteligente.

     
  • At 9:08 da manhã, Blogger Nuno Moraes Bastos said…

    Tiroliro,

    De acordo.

    Paulo,

    Isso são reacções a quente. Eu também me lembro do que pensava de cada vez que me tentavam roubar a bicicleta, e hoje vejo a coisa com outra serenidade.

    CNM,

    Seja benvinda!

    Concordo, sobretudo, com a afirmação final.

     
  • At 11:05 da manhã, Blogger Miga said…

    Também estou de acordo, obviamente, com a questão de fundo. Deve haver limites definidos para a imigração e punições adequadas para maus comportamentos (crimes) por parte dos estrangeiros (e filhos destes). Não está em causa passarmos a ser um país xenófobo, mas devemos apostar mais na "prata" da "nossa casa". Dou-vos um exemplo concreto: há cerca de 3 semanas deslocou-se à empresa onde trabalho, como é de Lei (de dois em dois anos), a Medicina no Trabalho. Depois das normais análises/exames (glicémia, electrocardiograma, etc) com o enfermeiro, passei a outra sala para ter uma pequena conversa com o médico, que era de nacionalidade... ucraniana.

    Quantos aos Gatos, de quem também sou fã, confesso, já não estão naquela fase em que dizem o que querem e ninguém lhes liga. Daí que seja normal haverem reacções dos visados (a liberdade de expressão é isto mesmo), não devendo haver, claro, lugar a ameaças. Agora concordo com a ideia que já vi defendida há dias, que os "sketches", para além de humorísticos, contêm também alguma sátira... Penso que é aqui que os Gatos falham: defendem-se dizendo que "são simples sketches humorísticos de 2 minutos", quando na realidade são mais que isso, pelo impacto que têm.

     
  • At 12:42 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Dizer que a imigração deve obedecer a regras ainda é politicamente incorrecto. Os mitos da ditadura/salazar e a forma como se deu a transição para um regime democrático têm um efeito perverso em Portugal. As pessoas têm medo de assumir publicamente ideias que as possam conotar com o antigo regime. Erradamente, pois criar regras para a imigração é uma medida perfeitamente aceitável em qualquer regime democrático.

    Não se pretende a expulsão de todos os imigrantes. Os imigrantes têm um papel importante na sociedade portuguesa.

    A tomada de medidas (certas, discutíveis, erradas ...) não pode ser sempre vista como "isto é o princípio de uma ditadura, etc.".

     

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