Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

terça-feira, maio 27, 2008

Imigração - o fim de um ciclo?
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, anunciou novas medidas que limitam o ingresso de estrangeiros no país e facilitam a expulsão dos irregulares, entre elas a que transforma a imigração clandestina em crime.
A Alemanha vai implementar, em Setembro, um exame de cidadania para milhares de estrangeiros que desejem estabelecer-se definitivamente no país. O teste vai incluir perguntas sobre história, cultura, política e a língua alemã.
Os ataques racistas e xenófobos contra imigrantes quadriplicaram na Espanha desde 2006, e o país é um dos que menos oferecem proteção aos estrangeiros na Europa, de acordo com um novo relatório da Anistia Internacional.
Noutro plano destaco que milhares de imigrantes estão abandonar a África do Sul. A onda de violência contra cidadãos estrangeiros já provocou 42 mortos e 25 mil refugiados. Os imigrantes de Moçambique, Zimbabué e Somália são os principais alvos dos ataques xenófobos, que começaram em Joanesburgo e, depressa, se estenderam a outros pontos do país.
Em épocas de crise, os imigrantes que são indispensáveis para o crescimento económico (Espanha foi um bom exemplo) são os primeiros a ser colocados em causa. Racismo ou estado de necessidade?

terça-feira, maio 20, 2008



O perigo de se ganharem títulos menores no final de época

Estamos todos contentes, estive no Jamor e vibrei com a conquista de mais um troféu, mas é bom não esquecer o que foi a época de 2007/2008. O Sporting deve ter como principais objectivos para se afirmar interna e externamente, o 1º lugar no campeonato nacional e os oitavos finais da Liga dos Campeões. Por isso, é bom que os seus dirigentes percebam que a próxima época é absolutamente decisiva e que uma equipa de futebol com os objectivos acima enunciados deve ser construída em qualidade e quantidade. Para tal, ainda que recorrendo à criatividade, é preciso investir. Investir não é sinónimo de gastar dinheiro, que é o que tem sido feito nos últimos anos. É bom que o seu treinador perceba que a disciplina não é um bem absoluto e que o excesso de rigidez táctica (em prol de uma suposta estabilidade da equipa) muito menos.
Há, evidentemente, muitos outros aspectos a melhorar, estes, para mim, são os essenciais.

segunda-feira, maio 12, 2008

À laia de spin-off [de post colocado na CL]...

Por um lado, o clube dos Andrades, vitorioso mas punido ao cair do pano. Termina a época com um indiscutível avanço mas com uma punição que, ainda que sem consequências desportivas, mancha indelevelmente estes anos de vitórias... Note-se que (i) o clube/SAD parece não recorrer da sanção que lhe é aplicada, (ii) os respectivos comentadores, oficiais e oficiosos, parecem insistir num discurso de legitimidade processual (quando poderiam e, a ser o caso, deveriam pugnar pela sua falsidade) e que (iii) a decisão foi tornada pública e aplicada no campeonato em que mais irrelevante se revela.

Por outro, os inefáveis lamps. Uma festa, uma enchente de 50.000 pessoas a aplaudir ruidosamente o quarto lugar no campeonato... ergh... perdão, a despedida de Rui Costa. Isto de transformar um enterro num festim não é para todos, termos em que se aplaude a iniciativa. E continua o (feliz) entorpecimento daquela gente...

Finalmente, o Sporting, que terminou ontem um campeonato desconcertante. Não que o plantel pudesse ombrear com o porto, mas era evitável que tivesse de discutir (até à última jornada) o acesso à Champions com o Guimarães. Não que pudesse contar com um Drogba, mas já tivémos melhor do que os "esforçados" Purovic, Had, Ronny, Farnerud ou Tiui. Não que o segundo lugar seja escandaloso quando se olha para o plantel do porto, mas a imutabilidade sempre repetida e prometida (mesmo para a próxima época) vaticina a derrota. Ou estará tudo assim tão bem?

Na noite de ontem, 11 de Maio de 2008, Rui Costa terminou a sua brilhante carreira de futebolista profissional. Uma carreira de 18 anos, iniciada e concluída no S. L. Benfica, com uma passagem de 12 anos por Itália (7 anos na Fiorentina e 5 no A. C. Milan), sempre ao mais alto nível, e deixando a sua marca, quer pela qualidade e o "perfume" do seu futebol, quer pela correcção e pela seriedade com que sempre tratou as pessoas que o rodeavam.

Foram mais de 700 jogos oficiais (clubes e selecção), em que marcou pouco mais de 100 golos. No seu regresso, na época passada, foi o ano, na sua carreira, em que realizou menos jogos, fruto de uma lesão muscular, agravada por uma utilização antes de tempo, que o afastou mais de três meses dos relvados. Tal facto levantou dúvidas sobre a sua condição física, e, nomeadamente, se ele tinha vindo só "passar tempo" até acabar a carreira. Esta época mostrou o contrário, tendo ele actuado em 45 jogos e marcado 10 golos (curiosamente marca igual à que conseguiu em 1993/94, ano em que conquistou o título de campeão, saindo depois para Itália).

Pena que, em toda esta grande carreira, com todos os jogos que referi acima, tenha conquistado poucos títulos, embora entre eles esteja uma Liga dos Campeões e uma Supertaça Europeia (ao Porto de Mourinho e com (mais uma) assistência sua. Foi campeão nacional apenas 2 vezes (Benfica e Milan), ganhando 4 Taças (1 de Portugal e 3 de Itália) e 2 supertaças (italianas). Em selecções foi, como sabemos, campeão do Mundo em sub-21, marcando o pénalti que deu a vitória na final. No entanto, por aqui se vê que os títulos nem sempre são o mais importante na vida de um atleta, mas sim a sua dedicação, seriedade e humildade que se demonstra sempre por onde se passa. E o Rui mostrou sempre isso!

Paolo Maldini, que dispensa apresentações (está também a poucos dias de terminar a sua carreira), numa pequena entrevista que deu no inicio deste ano, referiu a dada altura o seguinte: "Rui foi um autêntico professor de Kaká".

Ontem 54.222 pessoas presenciaram ao vivo o último jogo oficial do Rui Costa, a quem os tiffosi apelidaram, e bem, de "Maestro". Foi emocionante, bonito, merecido para o Rui! No final do jogo, no circulo central ele proferiu as seguintes palavras: «Obrigado! Por tudo o que me deram, por todo o carinho. Hoje terminou, para mim, uma coisa que comecei a fazer com nove anos de idade. Mas em vez de chorar, como noutras ocasiões, vou rir muito, porque acabei onde mais sonhei: no Sport Lisboa e Benfica. Emocionado, sim, mas com orgulho por poder acabar desta forma. Exausto, mas muito feliz.» Apetece-me dizer o que muito gente tem dito já: nós (benfiquistas) é que agradecemos: OBRIGADO RUI!