Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

quarta-feira, março 29, 2006


(continuação de post de Novembro de 2005)

"Querem guerra, vão tê-la!"
Foi assim que Blatter reagiu à indemnização de 860 milhões de euros pedida (nos tribunais belgas) pelos clubes que formam o G-14, pela utilização dos seus jogadores nos últimos 10 anos nas competições da FIFA. Alegam abuso de posição dominante e violação do direito da concorrência pela FIFA (os regulamentos da FIFA obrigam à cedência dos jogadores, tendo os clubes que suportar os seus salários e os custos de recuperação quando estes se lesionam).
Blatter remata assim: "Os clubes europeus pilharam o continente africano, levando os talentos. Agora recusam ceder os jogadores".

sexta-feira, março 24, 2006

Não é que Karazdic ganhou um prémio literário?

A vida tem destas coisas: descobrimos agora que o Senhor, mais célebre pelo seu carácter e aptidão para a guerra, recebeu - na pessoa do irmão - um prémio literário que lhe foi entregue pela Zbilja.

Aparentemente, não é o único "jovem" nacionalista a merecer idêntico destaque pelos dotes literários...

Remeto-vos o link para apreciarem, com a atenção devida, a confusão que também à direita se faz entre literatura e política.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=220820
Andei a controlar-me para não o fazer, mas não resisto: depois do cenário das Antas (mantenho a denominação antiga só para "chatear"), aguardo - não sem expectativa - pelo jogo com o Penafiel.

Uma segunda nota para a primeira página de O Jogo: que manobra tão bem sucedida!

segunda-feira, março 20, 2006

A Superliga está ao rubro. O oitavo lugar (U.Leiria) tem apenas mais 7 pontos que o décimo sétimo (Paços de Ferreira). Esta malta que treina equipas de futebol nesta altura do ano deve ter que andar sempre a tomar calmantes e comprimidos para conseguir dormir (pelo menos nos dias que antecedem os jogos do fim-de-semana). Chegar a 2ª Feira e não saber se se mantêm no seu posto de trabalho, deve provocar muitas insónias a esta boa gente (pelo menos, não devem dormir descansados).
Que ideia mais estranha. Mas nunca pensei que o Toni do Estrela da Amadora ou o Zé Mota do Paços de Ferreira tivessem tanto a ver com o Dr. Mário Soares nesta fase do ano.
Os grupos de meninos.

Concluído o fim de semana, confirmam-se as suspeitas aventadas em surdina (nunca assumidas por qualquer dos envolvidos): CDS-PP e PSD vivem, não de ideologias mas de egos individuais.

A forma espúria como decorreu qualquer dos congressos, a própria identidade dos protagonistas (os do costume, aqui sem o "alentejano da AG do Sporting") são um sinal dos tempos e garantia de crise da direita e centro-esquerda (falso centro-direita, entenda-se).

A diferença entre uns e outros foi meramente de registo... Uns tratam-se por tu e usam cabelo mais curto, mas na verdade não passam de um grupo de meninos a discutir o que em nada importa.

Na essência: CDS-PP e PSD retratam, com rigor, a falta de ideias, carisma e ambição (que não pessoal) que impende sobre a democracia portuguesa, e que na verdade tolhe o futuro de Portugal.

Até quando?
Ainda que a contragosto, não posso deixar de comentar as primárias leoninas.

A AG decorreu com a elevação previsível e, refira-se, com o equilíbrio possível.

De Soares Franco teve-se o que se esperava - os slides já mostrados nas sessões de esclarecimento - por um longo e fastidioso período de tempo.

Da "oposição" teve-se apenas o discurso de Abrantes Mendes, e o de um jovem (da nossa idade) - muito crítico mas com bastante nível - das gestões do projecto Roquette.

No essencial retenho:

1. As ausências: parte significativa do Conselho Fiscal e demais figuras gradas do clube, algumas com responsabilidade nos últimos dez anos do Sporting, tiveram - regista-se a coincidência - inadiáveis afazeres profissionais que, mau grado as simpáticas declarações de apoio a Soares Franco, os impediram de estar presentes.

2. A coragem: de Soares Franco como de Dias da Cunha. Não voltaram as costas à luta ou ao debate mesmo nos momentos mais quentes da AG. Sendo que Soares Franco estava estranhamente clarividente e esclarecido nas suas intervenções.

3. Os silêncios: Soares Franco falou alto, e falou bem, quando afirmou ter remetido um determinado e-mail a Jesus Oliveira ou quando repôs a discussão, de onde nunca deveria ter saído. Nem uma palavra quanto às questões mais pertinentes; 1. responsabilidade pela actual situação, 2. momento em que se verificou a actual situação, 3. critérios para investir as tais "sobras" eventuais do dinheiro da venda de património não desportivo e de alienação de acções próprias em jogadores (hipótese aventada por FSF), 4. disponibilidade e capacidade da SAD para acompanhar um eventual aumento de capital, caso este se torne necessário.

Aguardo, por uma vez, por confirmação da intenção de FSF de não se candidatar. É que já não é a primeira vez que muda de ideias. É que já não é o primeiro que muda de ideias.

Pelo sim, pelo não, os jornais já falam na conveniência da recandidatura de FSF ao cargo de que se demitiu. Será uma vaga de fundo no horizonte, ou terá já chegado a hora de Ribeiro Telles?

segunda-feira, março 13, 2006

O Pelé, para muitos o melhor jogador do mundo, depois da guerra de palavras com o melhor jogador do mundo (Maradona), afirmou que Ronaldo, estrela do escrete canarinho, passou ao lado de uma grande carreira por problemas pessoais. Platini, provavelmente o melhor jogador francês de sempre, concorda e acrescenta que Ronaldo está gordo. Ronaldo diz que Pelé deve resolver os seus problemas familiares e que Platini (de acordo com o que lhe diz o melhor jogador francês da actualidade e colega de equipa - Zidane) é um invejoso.

Klinsmann, antigo jogador da selecção alemã e actual seleccionador alemão, é apelidado de irresponsável por Bechenbauer (considerado por muitos como o melhor jogador alemão de todos os tempos e presidente do comité de organização do Mundial Alemanha 2006) e ordena-lhe que dê a titularidade da baliza germânica no Mundial a Kahn. Effenberg, antigo jogador da selecção alemã, pediu, a 3 meses do referido Mundial a organizar pela Alemanha, a demissão imediata de Klinsmann e a contratação de outro seleccionador (Otmar Hitzfeld).

Afinal não é só ao Sporting que faltam referências ...

terça-feira, março 07, 2006

Finalmente!

1. Semanas após o início do processo, e depois de um mau ensaio geral, tivemos – finalmente – explicações públicas e promessas de sessões de esclarecimentos generalizadas promovidas pelo actual Conselho Directivo do Sporting.

2. Projectos e candidaturas à parte, há duas ideias que tenho por assentes:

2.1. Não vejo Dias Ferreira como presidente, sequer dirigente, do Sporting;

2.2. As demais candidaturas, que não as de Soares Franco não têm dinâmica, nem aparentam ter massa crítica suficiente para alcançarem bom porto;

3. Soares Franco assumiu uma posição de tudo ou nada, pouco apropriada para quem se sente líder. Tem o direito de apenas executar o projecto que pretende para o Sporting, mas (i) ninguém no seu perfeito juízo acredita que os Bancos deitassem tudo a perdera meio da época com meta à vista, e (ii) ninguem no seu perfeito juízo condiciona a sua candidatura a uma meia final, jogada por ineptidão a duas mãos, passando uma mensagem alarmista (os bancos não confiarão mais nesses termos) para condicionar as intenções de voto dos sócios, sem lhes dar publicamente a informação que é necessária para um voto consciente.

4. O Sporting provou não ter sido capaz de criar uma estrutura capaz para gerir outro negócio que não o futebol, e mesmo este com naturais flutuações.

5. Nestes últimos anos, o Sporting tem sido gerido pelos mesmos - sempre os mesmos - sem que nunca até à meses se tenha posto em causa o projecto ou a sua viabilidade.

5.1. Os números que têm sido apontados apontam para um défice a meio da época de cerca de 15 M€. Pessoalmente, não creio que a margem estimada de lucro fosse tão ténue no projecto inicial.

5.2. Ninguém se deu ao trabalho de tentar apurar responsabilidades individuais neste processo: ou porque todos nele participaram, ou porque as amizades se têm sobreposto à natural curiosidade dos sócios.

6. Posto isto, e sendo certo que não me liga aos prédios em apreço qualquer vínculo de afectividade, gostava de ouvir algumas explicações.

6.1. Faço-o, sob pena de votar porque me dizem (parcelarmente e sem entregar qualquer documento contabilístico de suporte) ser difícil a situação do Clube, e não por o saber.

6.2. A crença de que não podemos confiar os destinos do Clube a iletrados pode fazer algum sentido em abstracto, mas (i) não só os letrados são também privados de informação útil, (ii) como historicamente a solução diversa já foi afastada.

7. Em suma?

7.1. Com as reservas de quem não tem informação suficiente, creio que não me restará senão votar favoravelmente a alienação.

7.2. Espero pela formação das listas para as eleições, sendo certo que pouco me comovo com listas de notáveis. Recuso-me a ver o Sporting como uma coutada de meia dúzia de meninos bem nascidos.

7.3. Aguardo por competências... Sem messianismos.

segunda-feira, março 06, 2006

Este Sábado, após uma sessão de esclarecimento com o Soares Franco ficaram consolidadas as seguintes ideias:

1) A situação financeira do Sporting é muito preocupante e exige medidas de gestão drásticas e eficazes;
2) A alienação do património é uma inevitabilidade e o Sporting não pode competir com gestoras imobiliárias, gestoras de centros comerciais e gestoras de clínicas privadas de saúde;
3) O Sporting deve preocupar-se em fazer crescer as suas receitas com o futebol indo com (maior) frequência à Liga dos Campeões e obter melhores resultados desportivos a nível interno e internacional.

A chave do projecto apresentado por Soares Franco é a aplicação do montante resultante da alienação de património para amortizar dívida aos bancos e a subsequente renegociação do contrato de financiamento que tanto prejudica o Sporting neste momento. Tal contrato não só impede o Sporting de contratar jogadores de qualidade firmada, mas fundamentalmente impede o Sporting de manter os seus melhores jogadores todos os anos. O contrato de financiamento com o BES e com o BCP foi muito mal negociado. Há cláusulas absolutamente castradoras do que deve ser o funcionamento desportivo (e por isso também do sucesso financeiro) de um clube de futebol com a grandeza do Sporting (ex: obrigação anual de efectuar mais valias de 5,5 m de Euros, …).

Pedir ao Soares Franco que nos anteveja e explique em detalhe todos os seus actos de gestão, enquanto membro do órgão de administração, durante o seu mandato é impossível. Enunciados os princípios do projecto há duas alternativas, ou entendemos que é um gestor incompetente e então não votamos nele ou achamos que tem capacidade para executar o projecto e votamos nele.