Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

segunda-feira, outubro 31, 2005

Não queria ter razão neste caso, mas a verdade é que o tempo me demonstra que a tinha.
Os problemas do Sporting não estavam no seu treinador, mas sim fundamentalmente na qualidade do seu plantel. Os três jogos de Paulo Bento no comando da equipa leonina só provam isso mesmo. Precisamos urgentemente de pelo menos de 1/2 centrais e de 1 trinco de qualidade. Não quero fazer o exercício completo, pois é duplamente penoso, mas ver um jogo do nosso vizinho rival e atentar no trabalho que é feito a meio-campo por M. Fernandes ou Petit e comparar com o trabalho (?!?) de Custódio, da dupla Luisão/Anderson e comparar com o da Beto/Polga ou Beto/M. Garcia ...

O Peseiro esse, que atingiu uma final europeia, pela segunda vez em 100 anos de história do clube, já foi a andar pelos sócios ...

sexta-feira, outubro 21, 2005

Confesso que – pelo menos em momentos de plena lucidez - nunca me desloquei ao cinema para assistir a sequelas, mas a tradição já não é o que era.

Em primeiro lugar, porque tenho por séria e útil ao actual momento da coisa pública o regresso de uma figura, tutelar e plena de autoridade como Cavaco Silva, que ontem anunciou estar de regresso.

Em segundo lugar porque as “alternativas” que se perfilam no horizonte não o são, se é que - em rigor – alguma vez o foram.

E é esta a principal nota de preocupação que aqui deixo…

A coisa pública perdeu – e hoje em dia acentua – capacidade atractiva para os que realmente interessam.

A política funciona hoje em circuito fechado, encontrando-se entregue aos contemporâneos da revolução, hoje (ainda) menos lúcidos, e às juventudes partidárias, usualmente lideradas por “jovens” que já não o são. Uns e outros são inadequados para a causa pública, porque alheados do mundo real e de uma vida profissional bem sucedida.

Atente-se nas candidaturas apresentadas às presidenciais vindouras.

De entre os candidatos que podem ser levados a sério, um julga-se acima da lei, do bom senso, e da sua própria finitude; outro continua mergulhado – mercê do lirismo que lhe é próprio – numa época que já passou; os demais não devem – sequer - ser considerados.

Amargura? Não, realismo… Quantos dos que lêem o post consideram – face a uma carreira profissional bem sucedida – a política como uma alternativa ou possibilidade?

Ainda que sem a clarividência de Paulo Martins – qual versão masculina e sportinguista da Maya - arrisco-me a dizer que muito poucos.

Aliás, o “nível” do debate político nas últimas autárquicas dispensa-me qualquer explicação adicional.

Assim, aguardo pela continuação da (pré) campanha de Cavaco Silva ao nível da promissora apresentação, e da inegável carreira pública.

quinta-feira, outubro 20, 2005


Daqui a 1h30m Cavaco apresenta a sua candidatura a Belém e arrisco-me ao seguinte exercício de adivinhação (com maior garantia de sucesso do que a própria Maya):

A apresentação da sua candidatura não vai ter improvisos, pois Cavaco não é de improvisos, não vai ter notáveis do PSD, pois a candidatura de Cavaco é supra partidária, não vai ter espalhafato, pois Cavaco é discreto, não vai ter frases feitas ou trocadilhos, vai explicar as razões efectivas da sua candidatura.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Morte ao Rei, Viva o Rei...

Dias da Cunha anunciou o abandono, ainda que não se vislumbre nesta fase a verdadeira "causa das coisas".

A meu ver, soube conservar a dignidade institucional e pessoal ao longo de todo o mandato, sendo a sua demissão mais uma nota de coerência, hoje em dia tão pouco vulgar.

Lamenta-se, todavia, que a instituição abane como o bambu ao sabor da brisa de verão de cada vez que um grupo de desordeiros se ajunta.

Isso, meus caros, vamos andar a pagar durante anos!

terça-feira, outubro 18, 2005





A frase escolhida pelo Dr. Dias da Cunha na conferência de imprensa de demissão do Peseiro diz muito: "... apenas tomei esta decisão para «aliviar a pressão» em torno da principal equipa de futebol do Sporting ...". Não se pretendem resolver verdadeiramente os problemas do Sporting, porque isso passava pela apresentação da demissão da Administração da SAD em bloco, o objectivo da demissão do Peseiro é "aliviar a pressão".

segunda-feira, outubro 17, 2005

Cultura de responsabilidade (revisited)

A actual situação do Sporting lembra-me, novamente, a questão da cultura de responsabilidades.
Concordo com a análise - não sei se com as percentagens - que Paulo Martins aqui postou, mas creio que o problema se reconduz, verdadeiramente, ao laxismo vigente.

O grande problema é que a culpa, em Portugal, morre solteira.

Senão vejamos:

1. A equipa é fraca? Não tínhamos orçamento para igualar os rivais (como sabem, estamos perto de nos tornarmos o 4º orçamento da Liga), mas tínhamos seguramente orçamento para não esbanjar dinheiro.
1.1. No meio de tudo isto, andámos a comprar trintões com mais dois anos de carreira, esperanças jovens para lugares preenchidos por três ou quatro veteranos, não renovamos com o jogador mais influente da equipa e líder do balneário, não renovamos com o "abono de família" da equipa que, amavelmente, nos tem devolvido a indiferença com exibições francamente sofríveis.
1.2. Não creio que seja este o problema.

2. Peseiro tem a culpa? Foi ele que escolheu a equipa (com os resultados que se vêm), foi ele que tratou da preparação física (com os resultados que se vêm), é ele que selecciona o 11 (com os resultados que se vêm). Mas será ele o culpado?
2.1. À hora a que escrevo este post, um portal de desporto noticia que Dias da Cunha tenta ainda segurar o treinador que, Sexta como hoje, terá apresentado a demissão. Denota - pelo menos isso, reconheço-lhe - dignidade.
2.2. No meio de tudo isto, e com metade da defesa no estaleiro, a culpa é dele? Só em parte, já que nem todos estão a recuperar de lesões musculares.

3. O que vimos ontem foi mais do que uma má exibição: foi um linchamento. Não porque alguns jovens menos educados resolveram passar as suas frustrações para os lençois de lá de casa. Não porque alguns jovens menos conscientes resolveram "visitar" a sede da SAD após o jogo, mas pela conduta dos jogadores.
3.1. Que o trintão Ricardo Sá Pinto corresse mais do que muitos jovens, já nós estávamos habituados; agora, que Ricardo Sá Pinto seja o único a correr, já considero mais impróprio...
3.2. Problemas? Problemas têm os jogadores do Vitória de Setúbal que - consta - não recebem no final de cada mês. E têm a dignidade de jogar o que o emblema, com menos lustro mas com a mesma história, lhes exige.

4. No meio de tudo isto, que dizer de Meireles, segundo consta perito em números, ou de Paulo de Andrade, que pelo que se tem visto apenas percebe de ténis?
4.1. A resposta é que serão porventura os homens certos, mas que seguramente estarão no local errado.
4.2. Escolheram mal os jogadores? Planearam mal a temporada? Fugiram face à contestação dos adeptos? É desastroso, inapropriado, e -com alguma franqueza - não é uma decisão plena de maturidade.
4.3. Mas não são, tanto quanto me lembro, os primeiros a saír. Não são os primeiros a errar. E os que não falham, não sairam por razões pessoais ou profissionais. Não nos tomem por ingénuos...

5. Fica o responsável pelo casting. Que tem Dias da Cunha a dizer sobre o assunto?
5.1. Que o Sporting é vítima de um sistema malévolo? Ok. Concede-se, mas não basta.
5.2. Que o Sporting é vítima de uma oposição sem cara? Até nem é mentira, mas não explica tudo.
5.3. Que temos um grupo de sócios (malvados) que incomodam a excelsa direcção com a sua opinião?

6. Porque é que estes problemas são falsos problemas?
6.1. O que referimos em 5.1. não bastou para impedir a vitória do campeonato por Augusto Inácio... Numa equipa a quem poucos auguravam alegrias, onde poucos pontificavam, mas onde poucos tocavam fora de tom. Eu estive em todos os jogos de Alvalade, alguns fora (incluindo Paranhos) porque nunca deixei de acreditar.
6.2. O que referimos em 5.2. explica, porventura, o comportamento das claques. Não mais do que isso.
6.3. O que referimos em 5.3., ainda que removido do discurso oficial, foi repetidamente insinuado por Dias da Cunha e - à data - Soares Franco. Não creio.

7. Porque tenho Dias da Cunha por homem de bem, não quero crer que se agarre ao lugar em torno da vã glória de ficar na história como o presidente do centenário.
7.1. Em primeiro lugar, porque não percebo em que quer acompanhar Pinto da Costa e Luis Filipe Vieira.
7.2. Em segundo lugar, porque os interesses a manter não são os pessoais.
7.3. Em terceiro lugar, porque um líder que falha repetidamente no casting, tem que assumir as suas responsabilidades.

8. Ou também aqui a culpa morre solteira?

Post Scriptum - A circunstância de a generalidade dos corpos sociais ter um alinhamento político sobejamente conhecido, quando conjugada com o meu entendimento acerca do culto da irresponsabilidade propugnado pelas forças de esquerda, confesso, dão-me que pensar.

O Peseiro já não tem condições para continuar a ser treinador do Sporting. Não me intrepretem mal. Ele não é o principal culpado. Se quisermos fazer um exercício mais objectivo eu diria que a seguinte escala representa o grau de culpa de cada um dos principais intervenientes no actual estado do Sporting: Administração da SAD 50%, Qualidade dos Jogadores 40% e Peseiro 10%. É evidente que a Administração da SAD cometeu erros atrás de erros (ex: não renovação atempada com Liedson, saída de Paulo Andrade no último jogo com o Paços de Ferreira ...) e que o plantel é de fraca qualidade (basta comparar jogador a jogador com os nossos mais directos adversários, talvez o único que se safe é o "desmoralizado" Liedson).

A solução mais fácil em Portugal (demissão do treinador) está à vista. As eleições e a reabertura do mercado ainda estão longe e ir por aí dá muito mais trabalho. Não interessa resolver os problemas do Sporting, interessa é fingir que se resolvem para acalmar os adeptos. Esta estratégia vem sendo posta em prática ano após ano com resultados, infelizmente, sempre desastrosos para o Sporting.

quarta-feira, outubro 12, 2005


É interessante observar a gritante diferença de filosofias dos sindicatos nos Estados Unidos da América e em Portugal. Os primeiros tentam melhorar as condições de trabalho através da limitação do afluxo de trabalhadores menos qualificados à sua área de actividade, valorizando assim os seus melhores trabalhadores numa determinada profissão. Por cá, agregam-se todos (os bons, os assim-assim e os maus) numa luta "contra" a "entidade patronal" (pública ou privada) por um melhor salário "para todos" os trabalhadores.

terça-feira, outubro 11, 2005

Mais importante do que a vitória retumbante do PSD por todo o país, foram algumas vitórias individuais que me encheram de satisfação: Rui Rio no Porto contra F. Assis e principalmente contra os interesses do futebol, Carmona em Lisboa contra um candidato sem ideias (tão cedo o PS não cai num erro semelhante de se deixar levar pela vontade dos candidatos de se auto-proporem), eleição de MJNP como vereadora em Lisboa, …

Apesar de não ser um crítico de João Soares, ou muito menos um admirador da (não) obra de Seara em Sintra, confesso que também fiquei muito contente com a “derrota” de Mário Soares, que mais uma vez (lembram-se nas legislativas?) violou a lei eleitoral e apelou ao voto no dia das eleições no seu próprio filho ?!? Para um candidato a PR …, volta a Alegre estás perdoado …

Finalmente, o resultado destas eleições foram um sinal claro para a má governação socialista: medidas insuficientes no combate ao défice, medidas megalómanas (OTA e TGV) e errada política de nomeações para cargos públicos da mais alta importância.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Vitória! Vitória?

Afiguram-se-me dois comentários sobre a noite eleitoral de ontem.

Um primeiro comentário para a estrondosa vitória que a direita (em sentido lato, entenda-se) obteve nas urnas; conquistaram-se Câmaras difíceis, mantiveram-se edilidades julgadas perdidas a favor da dita onda rosa.
Neste particular, e porque de onda rosa falamos, retenho com particular agrado a vitória de Carmona Rodrigues; um líder sério mas sem chama que, pelo seu perfil de competências, derrota o candidato rosa, das revistas cor-de-rosa, é sempre um facto que me apraz registar.

Um segundo comentário para a não menos estrondosa derrota da direita; isso mesmo, leu bem! Considero que a direita, enquanto defensora máxima da ordem estabelecida e da lei foi a principal derrotada pela eleição de Isaltino, Valentim, Isabel Damasceno ou Fátima Felgueiras. Não sei se são culpados, sei que a bem do decoro e da cousa pública não deveriam ter concorrido.

Alea jacta est!

sexta-feira, outubro 07, 2005

Confesso que estava com algum receio da perda de popularidade de Carmona antes do início do debate televisivo de ontem na rtp1. O debate a cinco e a saída estrondosa de Carrilho do anterior debate na sicnotícias davam uma margem razoável de confiança a Carmona. No final do debate de ontem, o meu receio inicial confirmou-se. Carmona não foi capaz de suster todos os tiros que lhe eram direccionados e pior, colou-se à figura de Pedro Santana Lopes. Carrilho não esteve muito melhor, sempre com muitas ideias a pairar no museu da carris, mas nada de realmente eficaz para combater os principais problemas de Lisboa.

Quem esteve realmente muito bem, e justiça seja feita, desde o início da campanha eleitoral, com uma preparação das matérias acima da média foi a Maria José Nogueira Pinto e o Ruben de Carvalho.

Os meus desejos para Domingo são claros: que seja eleito Presidente da Câmara o Eng. Carmona Rodrigues e que a Dra. Maria José Nogueira Pinto seja eleita vereadora. A minha declaração de voto, como só tenho direito a um voto, e porque acho mais importante afastar o Carrilho da presidência da Câmara, voto no Carmona.
Portugal e a cultura de (ir)responsabilidade

O orgulho em ser português, que não se confunde com regimes históricos ou bandeirinhas nas varandas ou no centro da capital, não nos tolda a responsabilidade de ver as coisas como elas são.

A instituição de uma cultura de responsabilidade não é de direita ou de esquerda.

Aliás, em Portugal, a irresponsabilidade traduz uma reiterada atitude de esquerda.

Foi a esquerda que apagou da nossa memória colectiva os exageros do PREC, a aleatoriedade e falta de decoro aquando das nacionalizações, as ocupações, etc.
Foi a esquerda que amnistiou os crimes cometidos pela FP 25, endeusou Otelo Saraiva de Carvalho, e promove, continuamente, o uso da palavra direita como anticristo dos agnósticos.

No meio de tudo isto, e não sei se pelas origens políticas dos actuais corpos sociais do Sporting, certo é que a cultura de irresponsabilidade alastrou da política para o futebol.

Temos agora um presidente que, acima do bem e do mal, vai chamando e dispensando colaboradores ao sabor das conveniências.
Temos um Administrador da SAD que se retira para longe da equipa que é pago para proteger, a fim de se poupar ao tremendo inconveniente de ouvir as turbas.
Temos um treinador que compactua com a indisciplina e irresponsabilidade dos seus jogadores e que, também por isso, nada ganhou ainda.

Será a responsabilidade um bem político de direita?
Assim nasce um novo blog na blogoesfera portuguesa (espera-se que não seja apenas mais um). Este blog teve a sua origem num almoço no Ritz (local mais “finíssimo” não era possível) numa ideia muito simples e ao que julgamos saber original: juntar no mesmo blog debate político e debate futebolístico.

Esperam-se longos anos de vida.
Alvorada de um novo blog, acto de criação e de coragem.

Desde logo, porque em Portugal ser-se de direita é ainda politicamente incorrecto, quase clandestino.

De igual modo, porque o futebol é publicamente apresentado pela inteligentzia dominante como politicamente incorrecto; no elitismo putativo de alguns, estes com expressão mediática em no nosso País, o futebol é algo alheio ao bem, contrário à coisa pública e desta, necessária e permanentemente devedor.

É o nosso triste "universo"; como diria Caeiro "Se os deuses te quisessem dar outro/ Ter-to-iam dado".

Parafraseando Carmona Rodrigues - como se viu ontem, bem menos eloquente que o primeiro - num dos piores cartazes de que guardo memória "Vamos a isto Lisboa".