Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

terça-feira, novembro 29, 2005

Uma das (já) anunciadas candidaturas à Direcção do Sporting deu-se hoje a conhecer. Falo-vos de Guilherme Lemos.

Ao longo da (mini) entrevista que, na edição de hoje, lhe é dirigida, o candidato toca em três ou quatro ideias chave no meu conceito de Sporting: formação, ecletismo, reforma do universo empresarial do Sporting e difusão do sportinguismo através de núcleos e filiais.

Como senão, (i) a circunstância de dada a curta extensão da entrevista, tais ideias serem apresentadas como meros "soundbytes", desprovidos de profundidade, e de (ii) a ideia de ruptura por si propugnada na entrevista me parecer, (iii) conjuntamente com a percepção de ser desnecessário alienar imóveis, e salvo melhor opinião, desadequada face aos constrangimentos e compromissos financeiros a que o mundo Sporting está vinculado.

Aguardemos!

sexta-feira, novembro 25, 2005

Clubes vs. Selecções

O Lyon está a preparar uma queixa contra a FIFA nos tribunais, por posição dominante, ligada à regulamentação que impõe aos clubes a dispensa de jogadores às selecções, sem indemnização ou pagamento de seguros. A decisão surge na sequência da lesão do defesa francês Abidal, contra a Costa Rica. Abidal estará três meses de baixa.

Ora aqui está uma questão que sempre tive alguma dificuldade em resolver. Se é verdade que é o clube que paga os salários, muitas vezes chorudos, e faz investimentos de milhões na aquisição dos internacionais das várias selecções, não é menos verdade que a adopção de uma política restritiva na convocação dos jogadores às selecções nacionais estrangularia as competições em que interviessem essas selecções (essas, que se mantêm angelicais aos milhões que põem a andar a indústria do futebol).

Lembram- se do caso recente “Nuno Valente” ?

terça-feira, novembro 22, 2005

O Sócrates que se cuide ...

O Dr. Mário Soares não pára de nos surpreender:
Comigo na Presidência não haverá diminuição de direitos sociais, mesmo que seja necessário combater o défice e outros delírios "economicistas".

Chiça!!! Toma lá ó Sócrates! Tivesses escolhido o Alegre.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Eu como defensor do trabalho honesto de José Peseiro, sinto-me obrigado a fazer uma primeira análise comparada, de forma muito rápida e resumida, deste Sporting de Paulo Bento:

1) A (fraca) qualidade da defesa do Sporting de Peseiro mantém-se no Sporting de PB, quem viu ontem o jogo com o último classificado e vê o Polga a saltar no ar de “ninguém” e o avançado penafidelense a cabecear à vontade fica estarrecido de medo (não sofremos golos, mas no jogo em que Peseiro não sofreu golos - com o Setúbal, 5º classificado à frente do SLB - foi expulso do clube pelos sócios);
2) As oportunidades de golo rareiam. Tivemos duas oportunidades, uma de Moutinho e uma de Liedson em 95 minutos de jogo com o último classificado, que em casa tem 1 vitória e 5 derrotas;
3) O PB comunica muito melhor que Peseiro e fala das arbitragens, que em Portugal é uma qualidade muito importante num treinador. Há quem defenda que esta deve ser a principal qualidade de um treinador de sucesso no futebol português.
4) O PB está a lançar o Nani, o Peseiro lançou o Moutinho.

As deficiências da equipa do Sporting estão lá, à vista de todos. Só não vê quem não quer. E a culpa agora não é do Paulo Bento. Não vão às compras (à séria) na reabertura do mercado e vão ver o destino de Paulo Bento no final da temporada.
A maledicência dos medíocres

1. Antes de mais, o Braga jogou bem e ganhou, merecidamente, a um Benfica fragilizado, que optou por defender um (fraco) resultado, e deu-se mal.
1.1. A arbitragem é alheia ao resultado, como aliás o vergonhoso (mais do que envergonhado) silêncio de Koeman bem indicia.

2. Por outro lado, Nuno Gomes fez um gesto que indicia que os jogadores do Braga, ou pelo menos o jogador em causa, faziam uso de substâncias proibidas.
2.1. Num país a sério, a torpeza das acusações não deixaria de ser severamente punida.
2.2. E daí, num país a sério, não se construía um mito a partir de um jogador cuja veia goleadora se revelava, com particular acuidade, nos pennalties e nos golos marcados "estilo pinball".
2.3. Finalmente, num país a sério, a ocasião em que Petit (há cerca de um ano?) estranhou o fôlego competitivo de um adversário teria merecido reflexão.

3. As afirmações (gestos, não deixam de ser declarações - públicas, por sinal) de Nuno Gomes são graves em si mesmas, mas mais graves se tornam porque não assumidas pelos jogadores em causa, e porque silenciadas por uma comunicação social tão medíocre como a segunda parte do jogo.
3.1. Só a mediocridade de jogo efectivamente jogado por cada um dos intervenientes explica a maledicência e desrespeito manifestada perante Colegas de profissão.

4. Mal posso esperar pelas – seguramente brilhantes – declarações de Luís Filipe Vieira...
Mais uma...

Facto: o candidato Mário Soares proferiu declarações públicas a instar os demais candidatos a mostrar as respectivas análises.

Mais do que autoconfiança no seu estado de saúde, as declarações de Soares constituem um retrato da profundidade com que abraça a causa pública e que, consta, se tornava visível no tratamento por si feito dos dossiers que lhe couberam enquanto primeiro ministro.

Se é certo que a qualidade da dança de Jerónimo de Sousa, do discurso de Louçã, ou da prognose de Alegre poderão ter causas mais profundas, não estou minimamente interessado em conhecer o estado de saúde dos candidatos; bastar-me-ia a sua lucidez.

Por lucidez, e por injustas que sejam as acusações, não caía nada mal a qualquer dos candidatos idêntica transparência e voluntarismo quanto à explicação do seu património.

Em particular, quando tanto se fala de mega-investimentos contra a vontade do tecido empresarial...

terça-feira, novembro 15, 2005

Com o devido respeito pelas autoridades judiciais, o que se passa com o processo "Apito Dourado"?

Atento o silêncio que se seguiu ao depertar do gigante adormecido, estará o processo parado para que o público dele se esqueça? Terá havido alguma inabilidade que ponha em causa o próprio processo.

Confesso que eu próprio só me recordei quando soube que um dos arguidos se iria converter em estrela televisiva...

segunda-feira, novembro 14, 2005

O problema da imigração

A esquerda não entende o problema da imigração. Acha que quando se fala em integração dos imigrantes se pretende implementar um regime de extrema direita de extermínio de outras raças e culturas.
É pena. Não compreende que não se pode ter um país 100% aberto a todos os que cá queiram entrar e depois não lhes dar condições de trabalho, e principalmente, e aqui reside o ponto fundamental, capacidade de crescerem social e economicamente em Portugal.

Não sou um adepto do Bush. Longe disso. A figura arrepia-me. Mas os EUA, com o seu regime económico-liberal há muito implantado (não pelo Bush) estão muito à frente (não me venham falar de New Orleans que isso não representa os EUA no seu todo, vão a NY, Boston, Chicago, ...). Lá o imigrante sente-se americano, cresce (se merecer crescer) social e economicamente sem ter que esperar uma vida, à espera do subsídio muito típico dos países europeus. Até a Suécia, caso quase único no mundo de sucesso social já percebeu há uns anos (década de 90) que não há social onde não há economia forte. O inverso, isto é querer o social para fortelecer a economia, é que já é impossível.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Ne sutor supra crepidam...

As declarações de Thuram acerca dos "conflitos" (afinal de contas, a esquerda tornou politicamente incorrecto falar em vandalismo) nas ruas de França são prova bastante de que um futebolista, por bom que seja, não é necessariamente uma boa referência social.

De forma simplista, veio dizer-se ofendido pelas declarações de Sarkozy na exacta medida em que seria muito difícil encontrar emprego nos subúrbios (o que não se contesta) e que esta era a única forma de os jovens chamarem à atenção para o seu problema.

As declarações em apreço são simplistas, mas mais do que isso, denunciam pouca clarividência, muita insensatez e, sobretudo, esquecem os mais desfavorecidos da sociedade francesa.

De facto, não tenho as declarações proferidas por lógicas, nem tenho por legitimida a prática coordenada de crimes (furtos, roubos, dano, ofensas corporais, homicídio) só porque "somos uma cambada de infelizes marginalizados pela sociedade que não têm nada de melhor para fazer". Aqueles que ficaram sem carro, como os que ficaram sem saúde ou sem vida, eram maioritariamente "desfavorecidos menos desfavorecidos".

Eram pessoas que tinham a "sorte" de ter empregos mal pagos, que apenas lhes permitiam viver em bairros onde eu não gostava - sequer - de me deslocar a horas impróprias, e que seguramente com muito sacrifício se encontravam a pagar pelos carros que um grupo de indigentes resolveu queimar.

Não se exige a um futebolista que tenha um QI elevado. Exige-se, pelo menos, que seja responsável nas suas declarações.
Onde está o Wally?

Tenho sido desagradavelmente surpreendido com a polémica entre Oceano – homem da casa – e Rui Meireles, o Wally que todos procuraram a seguir às derrotas mais expressivas.

O que me surpreende é, sem margem para qualquer dúvida, a arrogância (tão em voga nos últimos corpos sociais) com que Rui Meireles, homem cujo passado sportinguista é bem mais recente do que a de Oceano, ou se assim se preferir, do próprio Ferreira da Silva falou de uma referência do clube.

Entenda-se que não concordo, nem tenho por sensatas as declarações de Oceano.

O que não admito, nem se pode ter por admissível, é que o homem que foge dos adeptos na hora da derrota venha publicamente dizer de uma referência leonina que “Havendo a oportunidade de se retractar e explicar melhor o que quis dizer, então as portas do clube permanecerão abertas” (fonte: O Jogo, 11/11/2005).

Que se seguirá?

Falará mal de Luís Figo? Mandará silenciar Jesus Correia?

Como também não compreendo que um administrador responsável de uma qualquer empresa venha fragilizar a sua equipa, aqui em sentido lato, exprimindo que não alcançou acordo com determinada pessoa para a equipa técnica, isto é, que algum dos respectivos membros terá sido uma segunda escolha.

Muito francamente, o Senhor percebe de contas, mas de futebol não tem mostrado grande percepção…

Prefiro-o nos bastidores, concentrado no que sabe e a zelar pela (frágil) saúde financeira da SAD. Prefiro não saber por onde anda o Wally...

quinta-feira, novembro 10, 2005

Incrível

É incrível o chorrilho de disparates que somos obrigados a ouvir de um candidato a Presidente da República como o Dr. Mário Soares. Já não bastavam as suas ideias anti-globalização (que veiculou no seu programa de entrevistas (monólogos?!?) na SicNotícias quando afirmava peremptoriamente que nunca seria candidato a PR "pois o tempo não devia voltar para trás" e que agora esconde a "sete chaves"), as violações sérias à Lei Eleitoral nas últimas duas eleições, os disparates do conceito de "político profissional", ontem saiu-se com uma coisa deste género: as derrapagens nas obras públicas são normais, o dinheiro (leia-se dinheiro de todos nós contribuintes) há-de aparecer de qualquer maneira, isso é algo que não me preocupa ...

O Avelino Ferreira Torres de certeza não conseguia dizer melhor ...

Bravo Soares !!!

quarta-feira, novembro 09, 2005

Em jeito de spin-off do mesmo post, não posso deixar de comentar as recentes notícias que nos dão conta da intenção de Luís Filipe Vieira se recandidatar.

Não é que o rapaz não quer ofender os adeptos, e - qual bom samaritano - não só não se demite, como disse que faria, como se recandidata?

Acho isto fabuloso... Mas também, não sejamos mesquinhos, meses após o prazo fixado, o clubezeco de bairro atingiu pouco mais de metade do objectivo estabelecido, e - coincidência das coincidências - os jornais A Bola e O Record dão-nos conta de que poucos clubes na Europa o superam.

Pessoalmente e enquanto português, apenas tenho pena de duas coisas:
(i) que alguem admita faltar à palavra, só para não ser desagradável. Afinal de contas, a sociabilidade e sensibilidade do jovem são inquestionáveis... E nem sequer se tem por possível a hipótese de bluff (afinal de contas, isso seria mentir aos sócios).
(ii) que o jornalismo português não esteja de acordo quanto a dados tão objectivos... afinal de contas, os tais grandes da Europa que são os únicos a superar o Benfica não são os mesmos!
(iii) que este comportamente não seja caso isolado, nem os motivos inteiramente desconhecidos.

Depois, lamentamo-nos das candidaturas às autárquicas...
Agora sim, exposição simultânea aos (sub)mundos da política e do futebol...

Então não é que o Sporting contrata um ex-político, por sinal comunista (renovador, isto é, continua anacrónico mas afirma-se mais humanista) para gerir o futebol.

Ao Senhor em apreço reconhecem-se qualidades de trabalho - o que já não é nada mau - e a idade indicia alguma maturidade (que se espera confirmada). De futebol é que - parece - percebe tanto quanto eu!

A ver vamos se não dá asneira!

segunda-feira, novembro 07, 2005

Do fim-de-semana futebolístico salienta-se - diria - a reiterada falta de respeito de Koeman para com os seus Colegas de profissão que, queira-se ou não, sabem mais da poda do que ele (treinar não é a mesma coisa que jogar) e, por outro lado, que Veiga também consegue falar à imprensa sem insultar os rivais.

É caso para dizer, prefere-se o Portugal profundo...
A agressividade que nos faltava...

Este fim de semana, em rescaldo a um erro (um "Senhor Erro") de arbitragem Paulo Bento usou da agressividade que antes sustentara para os seus pupilos.

Só tenho pena que tenha sido o único a usar da palavra: que é de Soares Franco?
As vítimas de uma certa esquerda...

Regularmente e de há uns anos para cá vimos assistindo a manifestações das comunidades emigrantes (ou imigrantes, se preferirem – sempre é mais fino), sempre apoiadas pela consabidamente sócio-caritativa esquerda (sobretudo, a “esquerda caviar”, que preocupadamente discute a situação dos desfavorecidos em festas em que nada falta, sobretudo fatos de marcas prestigiadas comprados ao solidário preço de €500), e usualmente reclamando direitos de que nem todos beneficiam.

Clarificando: Portugal precisa de manter comunidades emigrantes já que a sua mão-de-obra não chega para as encomendas, tendo sempre por pressuposto o desejável crescimento económico.

Clarificando mais ainda: Portugal precisa de manter comunidades emigrantes já que à respectiva população activa foram vendidos canudos e promessas de uma vida de “white collar” bem pago.

Clarificando (ainda) mais: Portugal beneficiou e beneficia e muito das primeiras gerações de emigrantes.

Todavia, quem tenha vivido em zonas onde as comunidades emigrantes sejam numerosas sabe que a sua integração não foi bem feita.

A desinspiração nacional no que se reporta à sua integração tem raízes profundas e atingiu unicamente as segundas gerações.

Mas será que ninguém pensou que os emigrantes têm – também eles – direito a constituir família?
Mas será que ninguém pensou que a segregação por zona geográfica, como sucede no “case study” Chelas só pode potenciar violência, dentro da inabalável lógica do “nós contra eles”?
Mas será que ninguém pensou que permitir a instalação de lógicas de “gheto” só tende a fomentar o problema?
Mas será que ninguém pensou em introduzir uma qualquer lógica à política de concessão de vistos de trabalho / autorizações de residência?
Mas será que a ninguém ocorreu que não se pode prometer o mundo, a titulo da sempre politicamente correcta fraternidade, para assim criar hordas de ociosos (nem sempre por culpa própria).

Quem ande pelos tribunais tem uma ideia mais rigorosa do que por aí anda. Por mim, espero estar fora, de férias, quando e se este tipo de “malvadezas” suceder por cá…

sexta-feira, novembro 04, 2005

Que dizer das últimas declarações de Paulo Bento? No mínimo, que espelham exigência, da mesma forma como tornam patente a grande falha do planeamento da temportada.

Não foi assegurada a transição na defesa, pelo menos desde a saída simultânea de Babb e A. Cruz.
Não foi assegurada a transição no meio campo, ofensivo desde que Barbosa largou os relvados, defensivo desde que o próprio Paulo Bento o fez.
Pelos vistos, não foi assegurada a transição no ataque, já que Pinilla teima em ser uma esperança (a meu ver distante), Liedson pensa nitidamente em paragens mais tropicais, e sobretudo, já que Deivid está nitidamente com guia de marcha.

Se culpo Paulo Bento de alguma coisa?

Pelo menos de uma. Hoje um treinador não pode saber unicamente de bola, e o afastamento de Deivid é de quem percebe pouco de gestão...

Espero que se arrepie caminho, e que os jovens cresçam - efectivamente - dois anos num só. Este ano, só por um acaso da fortuna lá iremos.