Tertúlia Liberal

Pretende-se REFLECTIR o mundo e a sociedade, com uma nota crítica mas sem pessimismos.

quarta-feira, novembro 29, 2006

A visita do Papa à Turquia
Como nota prévia, não morro de amores por este Papa, que representava a ala ultra conservadora que aconselhava o Papa João Paulo II. Devo dizer que não o aprecio, antes de mais por me considerar católico, e entender que como líder espiritual poderá ser prejudicial para uma religião que se encontra em declínio.
Posto isto, devo-vos dizer que também não gostei da campanha orquestrada pela comunicação social contra o que o Papa disse sobre o Islão numa aula de teologia. As suas palavras foram retiradas do contexto e foram-lhe atribuídas expressões que não disse. Maldita comunicação social que apenas gosta de sangue e foge do rigor que a deve nortear.
Eu tive a oportunidade de ler o que o Papa disse. Não li tudo, pois recebi o texto em inglês e não tive paciência para ser sincero. Retiro do texto, no entanto, que o Papa foi pouco prudente, pois já não é um mero Professor e tudo o que diga tem repercussões que não podem ser ignoradas. O Papa foi ainda buscar exemplos de radicalismo a uma outra fé, quando as podia ter ido buscar ao período negro do catolicismo, representado pela inquisição. Se quer maus exemplos de intolerância, violência e de estupidez, os mesmos existem na sua religião.
A visita à Turquia começou ontem. Espero sinceramente que nada de mal aconteça ao Papa. Gostaria neste escrito ainda de louvar as palavras de alguém, que é muito visado pela comunicação social ocidental – o líder do Irão. Pois é, meus amigos, este Senhor veio, no auge dos ataques a freiras e igrejas católicas, defender que o Papa não quis atacar o Islão e pedir para que os ataques acabassem.
Que Alá proteja o Papa.

terça-feira, novembro 28, 2006


Ás vezes juro que não sei quem é de direita e quem é de esquerda

A medida do governo PS de tributar os deficientes em sede de IRS (quando estes tenham um rendimento superior a 700 euros) é uma medida completamente injusta e socialmente deplorável. Os deficientes, na sua quase totalidade, não têm forma de subir na escala social, ao contrário daqueles, que, tendo possibilidade de trabalhar não o querem fazer e andam constantemente de mão estendida para receber o tão apetecível subsídio (típico da "verdadeira esquerda"). O Estado devia servir e ajudar os verdadeiramente necessitados, é para isso e só para isso que este existe. Tem necessidade de ir buscar dinheiro aos deficientes para combater o défice das contas públicas ?

Então, sinceramente, não sei para que existe Estado.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Nunca se perguntaram qual o equilíbrio perfeito entre o lado profissional e o lado pessoal ? Se trabalhamos pouco somos preguiçosos e incompetentes, se trabalhamos muito acabamos com um enfarte miocárdio. Se trabalhamos muito ganhamos mais dinheiro, o que possibilita uma melhor vida (saúde, cultura, educação, ...) para nós e para os nossos filhos, se trabalhamos pouco temos mais tempo para “estar connosco” e com os nossos filhos.

Qual o equilibro perfeito ?

terça-feira, novembro 21, 2006


Santana Lopes deve ser um exemplo (mau) para quem tem sede de poder. Tudo fez para ser primeiro-ministro, porventura até seria um mediano primeiro-ministro (não mais do que isso) noutras condições, e quando lá esteve foi um desastre.

Mas foi Santana Lopes o único a pagar pelo mal que fez ? Não. Temo mesmo que a direita em Portugal vá pagar por tudo o que esse fez por muitos e bons anos. Até lá, que Sócrates continue a governar como tem feito que a direita agradece (lembram-se das medidas da Manuela Ferreira Leite no governo de Barroso e a contestação que teve da bancada socialista ?).

Quanto ao livro não tenho vontade nenhuma de o ler, essa coisa de curar os traumas revivendo-os não é para mim.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Ocidente, o benévolo sustento da jihad

De entre os jornais internacionais, porventura pelas mesmas razões que o tiroliro007 aventa em post anterior, sempre destaquei o Telegraph. Não tanto, confesso, pela actualidade (a que sou maioritária e, admite-se, artificialmente) alheio, mas sobretudo pelos comentários, em muito tradutores de essa tal linha editorial de que falávamos.

Exemplo disso é este radical artigo que o Telegraph coloca para comentário. Versa sobre as políticas do ocidente face ao terrorismo, e sobre a benevolência com que o ocidente acolhe e sustenta os indigentes que pretendem, em última análise, a substituição de regimes.

Discordam do que aí se diz?

"It is striking, for example, how many of our own attempted Tube bombers were living on welfare, despising the hand that fed them and despising themselves for feeding from it. Had this option been closed, they might have had to find gainful employment, and so had less time to work themselves into a condition of existential rage."

("Venda" sob amostra, confessa-se que influenciada pela postura neoliberal que se vem sustentando)

quinta-feira, novembro 16, 2006

A razão de ser.
Muitas vezes tentamos perceber o porquê de determinadas escolhas, a razão de ser de gostarmos de determinados programas, de certos comentadores ou até de algumas publicações.
A justificação é simples mas por outro lado não deixa de ser um catálogo ao nosso pensamento e que pode limitar a nossa liberdade de escolha.
Descendo ao concreto, perguntava-me eu há uns dias porque gosto da revista sábado e dos seus artigos de opinião e do comentador Luís Delgado.
Em relação ao segundo, não me identifico com a sua defesa incondicional do Bush e do sr. Lopes, mas é no panorama televisivo, juntamente com o Nuno Rogeiro, dos poucos fazedores de opinião que não são de esquerda.
No que diz respeito à Sábado é realmente impressionante a minha identificação com esta revista, nomeadamente com os seus artigos de opinião, cuja linha editorial espero que não mude em nome de tiragens.
Com o fim do independente, que confesso já não comprava há anos, mas que fui fiel seguidor no tempo do portas, ainda bem que existe alguma diferença num panorama dominado pelo cizentismo do nosso jornalismo.

segunda-feira, novembro 13, 2006


Eleições no Brasil

É uma verdadeira vergonha ganhar eleições desta forma. É muito fácil dar aos pobres um pratinho de feijão todos os dias durante um (dois, três, …) mandato. Bem mais difícil é estruturar o desenvolvimento de um país, é criar prioridades nos investimentos para criar riqueza, é dar antes trabalho aos mesmos pobres para que ganhem eles o seu pratinho de feijão.
Nestes casos tão evidentes de populismo barato nos países subdesenvolvidos não tenho dúvidas, devia haver uma qualquer autoridade mundial a estabelecer um conjunto de regras sobre a forma como os líderes dos partidos de poder se deviam comportar, pelo menos, em campanha eleitoral ? Estamos a falar de países que representam uma larga fatia da população mundial e que anos após anos se vêem condenados à mediocridade. Perguntam-me: e a soberania do Estado, pode ser assim violada ? Pode e deve.
Frases soltas...

Qualquer uma delas susceptível de comentários e/ou leituras diversos:

Rather than adopting the classic Asian strategy – exporting labor-intensive, low-priced manufactured goods to the West – India has relied on its domestic market more than exports, consumption more than investment, services more than industry, and high tech more than low skill manufacturing.”

Moreover, 30 to 40 percent of GDP growth is due to rising productivity (…) rather than increases in the amount of capital or labor.”

Services now account for more than 50 percent of India’s GDP, whereas agriculture’s share is 22 percent, and industry’s share is only 27 percent.”

Perhaps in a decade, the distinction between China as «the world’s workshop» and India as «the world’s back office» will slowly fade as India’s manufacturing and China’s services catch up.”

Cito-Vos, assim, algumas frases de Gurcharan Das em The India Model, publicado no penúltimo número da Foreign Affairs.

Concluo, como o Autor, com duas outras parcialmente adaptáveis ao nosso país:

India may have had some excellent civil servants, but none really understood business – event though they had the power to ruin it. (…) They think of bureaucrats as self-serving, obstructive, and corrupt, protected by labor laws and lifetime contracts that render them completely unaccountable.”

As so many ways of India’s success story, Indians are finding solutions to their problems without waiting for the government.”

Que Vos ocorre?
A Índia traduzida em números...

... está já aqui, ao "clicar" da página.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Escolha a notícia, ambas verdadeiras, que mais o surpreende:

1) De acordo com um estudo recente, a cozinha indiana foi considerada a terceira mais popular do mundo.

2) A Índia desencadeou ontem um alerta anti-terrorista nos aeroportos do país, depois de ser encontrada uma carta alegadamente da Al-Qaeda com ameaças de atentados que seriam cometidos com carros armadilhados. Um alerta anti-terrorista foi enviado para 20 aeroportos internacionais e regionais da Índia depois de ser encontrada a carta, num caixote de lixo de um aeroporto do sul do país, de acordo com um alto responsável do Ministério do Interior. Os ataques podem ser cometidos contra aviões ou contra os aeroportos e estariam iminentes.

terça-feira, novembro 07, 2006



A Índia, para além das gajas boas, como a imagem bem ilustra, deu um exemplo ao mundo de como as reformas quando bem pensadas e bem executadas podem dar excelentes resultados em países sub-desenvolvidos. No ínicio dos anos 90 foram desenvolvidas importantes reformas ao nível da redução do peso do Estado na economia, na criação de um regime fiscal mais competitivo e fundamentalmente na abolição de proteccionismos bacocos (Portugal, em relação às duas primeiras talvez tivesse muito a aprender ...).

A Índia abriu-se ao mundo (nada de fazer piadas com a miúda da foto), o investimento estrangeiro teve um crescimento monstruoso nos últimos anos e hoje é um dos destinos mais procurados pelos grandes investidores de todo o mundo.

O quase bilião de habitantes da Índia faz hoje deste país uma potência económica. Bem sei que os direitos sociais, blá, blá, blá ..., mas cada vez que ouço o Carvalho da Silva não sei se não seria mais fácil partir do zero em termos de direitos sociais e desenvolvê-los à medida certa do aceitável para o crescimento económico, do que o inverso partir do 100 e "tentar" (sem sucesso) reduzi-los.


Uma (possível) visão do Mundo e do Progresso

Os EUA são pródigos a gerir imagens e competências, para o que aqui importa a gerar gurus que, qual Panoramix dos tempos modernos, parecem ter receita ou mezinha para todos os males e visão para todas as ocasiões.

É o caso de Fu... Fu... Fuku... Fukuyama, ou lá o que é.

Além de ser portador de um nome tão... carismático, Fukuyama teve a coragem (o "topete", diria Freitas do Amaral) de sustentar que a diferença do nível de desenvolvimento verificada entre os hemisférios norte e sul se devia ao factor coesão social, que (i) por via do carácter gregário mais sólido que as diversas correntes protestantes propiciariam aos países do hemisfério norte, por um lado, e (ii) como simples produto do elemento cultural, por outro, seria mais forte no primeiro caso.

Esta solução não é isenta de mérito, mas deixa de fora alguns modelos de desenvolvimento que, com maior ou igual sucesso, têm concentrado as atenções do mundo e, muito em particular, dos investidores.

É o caso da Índia, que com maior ou menor destaque ou amplitude proponho que abordemos nos próximos dias. Bons posts.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Vida Nova.

Este blogue completou recentemente o primeiro ano de existência pelo que, à boa maneira de um qualquer "promotor de vendas em pirâmide", nos parabenizamos.

Com a idade (por sinal, provecta) vem a primeira reforma: procederemos à ampliação dos conteúdos vertidos neste espaço, alargando o respectivo escopo temático e "recursos" humanos. Contrariamente ao que parece suceder no processo de construção europeia (o que não se lamenta), este alargamento deverá (também) providenciar condições para uma maior profundidade no tratamento de cada tema, sendo que estes serão semanalmente escolhidos e colectivamente tratados.

Assim o trabalho o permita...